De Búzios à Barra, até o Rio se rendeu às piscinas de ondas

De Búzios à Barra, até o Rio se rendeu às piscinas de ondas
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Até o Rio de Janeiro está aderindo às piscinas de ondas artificiais.

O estado mais turístico da costa brasileira já tem pelo menos três projetos do tipo no seu litoral: em Búzios, Mangaratiba e na Barra da Tijuca.

Assim como tem ocorrido em iniciativas em São Paulo e Santa Catarina, duas das piscinas são ligadas a empreendimentos imobiliários – numa estratégia para agregar valor aos imóveis, inclusive para clientes de renda média.

Embora todos os projetos de piscinas estejam em áreas de praias no Rio, o racional dos investidores é oferecer lugares privativos e com mais segurança, além de ondas previsíveis que não surpreendam o banhista.

O Opportunity, por exemplo, é um dos sócios do projeto de Búzios. Um dos interesses da gestora é impulsionar o bairro planejado que está desenvolvendo na região desde 2016, o Aretê.

“Só de anunciar a piscina, as vendas de imóveis no Aretê mais que dobraram na virada do ano, em relação a outubro,” o gestor Pedro Bulhões disse ao Metro Quadrado.

A piscina está recebendo investimento de R$ 190 milhões e é uma sociedade do Opportunity com o Brasil Surfe Clube, uma marca que nasceu como uma comunidade de surfistas e agora tem desenvolvido empreendimentos que funcionam como clubes exclusivos para quem pratica o surfe.

A própria piscina de ondas artificiais de Búzios ficará em um clube exclusivo – um espaço que também contará com um complexo de hospedagem com 25 bangalôs. Os títulos para fazer parte do clube já estão no segundo lote e são vendidos a R$ 280 mil.

A piscina de Mangaratiba, na Costa Verde, também estará em um clube da Brasil Surfe Clube, único sócio nesse caso, que está investindo R$ 150 milhões no empreendimento e cobrando os mesmos R$ 280 mil pelo título.

Os dois projetos, aliás, são os primeiros clubes da BSC.

Cada um terá 70 mil metros quadrados e ambos prometem ter as piscinas com as ondas mais extensas do Hemisfério Sul, com 25 segundos de duração e potência contínua ao longo de toda sua extensão, por meio da tecnologia Endless Surf – braço do Grupo White Water, desenvolvedor dos parques aquáticos da Disney World.

Ricardo Laureano, CEO da BSC, rejeita a ideia de que as piscinas sejam preteridas pelas praias. Para ele, as duas não competem e podem andar juntas.

“Você não usa ou piscina ou praia. Você usa piscina e praia, porque a praia não tem onda todo dia. E no surfe de mar, existem algumas dificuldades, seja de aprendizado, de tumulto, ou até de localização, porque os lugares que realmente dão onda são específicos,” ele disse ao Metro Quadrado.

A terceira e mais nova piscina do Rio – até agora – será feita na Barra da Tijuca, pela construtora Calper.

Será a primeira piscina indoor da cidade e estará ligada ao condomínio residencial Arte Wave Surf Residences, de 16 mil metros quadrados e 1.551 apartamentos, com VGV estimado em R$ 600 milhões. A entrega está prevista para novembro de 2027.

O condomínio é um dos projetos desenvolvidos com o landbank que a Calper tem há 22 anos e que só recentemente conseguiu começar a desenvolver para criar o bairro planejado Cidade Arte. São oito terrenos para construir oito mil apartamentos no total.

O projeto será financiado por meio da compra dos apartamentos, cujas unidades começam em R$ 288 mil.

Os moradores do bairro terão direito a usar a piscina de ondas em um esquema de pay-per-use, de R$ 360 por hora, mas quem for do Arte Wave pagará apenas R$ 120.

A piscina vai ocupar uma área menor que as outras, de 1.500 metros quadrados, o que também diminui o seu custo, devendo ficar em torno de R$ 25 a R$ 30 milhões.

Foi essa diferença no preço que permitiu que a piscina fosse construída em um empreendimento de classe média, de acordo com o CEO da Calper, Ricardo Ranauro. Para ele, esse é um projeto que democratiza o surf.

“Aqui, a pessoa vai comprar um apartamento, ter um ativo dela, um bem que pode usar para sempre, mas que as crianças vão poder surfar,” ele disse.

Com os projetos de piscinas artificiais, o Rio está seguindo uma onda que já está mais consolidada no estado de São Paulo, em especial no interior, com iniciativas como a Praia da Grama, em Itupeva, e em condomínio como  Boa Vista Village Praia – da JHSF, em Porto Feliz – e o Fazenda Vista Verde, em Araçoiaba da Serra.

Na Grande São Paulo, já existem o São Paulo Surf Club, em frente à Ponte Estaiada, no Complexo Cidade Jardim; o Reserva Beach Club, em Alphaville; e o Beyond The Club, em Santo Amaro, um projeto da KSM Realty, financiado pelo BTG Pactual e que tem o surfista Gabriel Medina como sócio.

O próprio Medina tem se posicionado a favor do uso de piscinas de ondas nos Jogos Olímpicos, depois de sofrer com um mar sem ondas em Teahupo’o, na edição de Paris, e acabar em terceiro lugar.

O multicampeão mundial Kelly Slater possui duas piscinas de ondas já incorporadas no circuito da Liga Mundial de Surfe (WSL), uma na Califórnia e outra em Abu Dhabi – a maior do mundo.

A adesão lá fora pode acabar favorecendo as piscinas do Rio, pois uma das etapas do Challenger Series da WSL acontece em Saquarema. O Opportunity e o BSC estão tentando acelerar a construção de Búzios para que fique pronta até maio de 2026, antes da competição.

“Inclusive já fomos procurados por eles para começar a trocar essa ideia e nos prepararmos para o ano que vem,” Laureano disse.

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