Opinião/ O que queremos construir
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Onze anos atrás, quando cheguei recém-formado de Fortaleza para trabalhar em São Paulo, confesso que a grandiosidade da cidade me assustou. Prédios para todos os lados e gente engravatada andando a passos apressados me davam a impressão de que talvez eu não desse conta.
Mas não demorou para eu me sentir em casa. Percebi que São Paulo era feita de outros migrantes como eu, dos árabes e judeus que abriram construtoras e incorporadoras, passando pelos arquitetos europeus fugidos da guerra que trouxeram o moderno, até os retirantes nordestinos que ainda trabalham nos canteiros de obra em busca de uma vida melhor.
Foi assim que São Paulo virou a capital da vertigem – para usar o título do livro do jornalista Roberto Pompeu de Toledo que narra a expansão da cidade no século XX – e se tornou um exemplo concreto de como o mercado imobiliário se confunde com a história da humanidade e das próprias cidades, a maior invenção do homem – agora pegando emprestado o subtítulo do livro “Metrópole”, de Ben Wilson.
São Paulo é apenas uma história, mas o mercado imobiliário são várias.
A maior classe de ativos do mundo está em todos os lugares, dos centros urbanos às zonas rurais, de onde moramos a onde trabalhamos. É instrumento de mudança econômica e palco de grandes personagens – um prato cheio para repórteres que sabem que por trás de uma placa de “vende-se” há sempre uma história a ser contada.
Se no passado a grandiosidade da metrópole assustou o jornalista recém-formado, agora ela me gera entusiasmo. E foi por isso que aceitei o convite de Geraldo Samor para liderar a talentosa equipe do Metro Quadrado, o primeiro site-irmão do Brazil Journal, um veículo que em poucos anos construiu uma reputação que grandes jornais impressos levaram décadas para construir.
Como um irmão mais novo, o Metro Quadrado nasce olhando para o Brazil Journal como inspiração, com a ambição de atingir a mesma relevância em seu nicho, de contar as histórias de quem constrói, e de ser respeitado por quem lê.