RBR capta R$ 162 mi para trocar as lâmpadas dos postes

RBR capta R$ 162 mi para trocar as lâmpadas dos postes
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A RBR Asset captou R$ 162 milhões para um fundo de crédito estruturado de infraestrutura que investe em concessões de iluminação pública – uma tese ainda distante do radar dos grandes bancos e gestoras.

A asset já investiu R$ 100 milhões na estratégia até agora, atingindo a marca dos 200 mil pontos de luz financiados – e agora se prepara para alocar mais R$ 130 milhões nas próximas semanas.

Há ainda planos para captar outros R$ 600 milhões nos próximos 12 meses para a vertical.

A iluminação pública é responsabilidade dos municípios, que podem fazer parcerias público-privadas para a gestão do sistema. Os contratos assinados até 2024 no Brasil somam R$ 32 bilhões e contemplam 173 municípios, de acordo com dados da ABCIP.

A RBR concentrou-se até agora em concessões que demandem no mínimo R$ 20 milhões de investimento localizadas nas regiões Sul e Sudeste, mas analisa também chegar ao Nordeste, Norte e Centro-Oeste. 

O principal escopo dos projetos é a manutenção e modernização dos postes, lâmpadas e refletores — um trabalho menos complexo do que o de outras áreas da infraestrutura, como as que financiam a construção de usinas solares, obras de saneamento e linhas de transmissão.

“O risco de substituição de uma luminária num poste dentro do perímetro urbano é relativamente baixo,” Raphael Barcelos, o sócio e head de infraestrutura da RBR, disse ao Metro Quadrado.

“É uma obra mais simples, que dispensa licenciamento ambiental e regularização fundiária e só exige um técnico eletricista e um caminhão.”

E oportunidades não faltam: a grande maioria do parque de iluminação pública brasileira ainda utiliza lâmpadas de vapor de mercúrio ou de sódio, que consomem mais energia e tem um alto potencial de poluição ambiental no descarte.

Já o LED, considerado mais eficiente e menos poluente, está presente em apenas 20% dos pontos de iluminação do País – o que leva as concessionárias a buscarem a substituição dos materiais.

A previsibilidade para a receita foi outro fator que atraiu a RBR para esse nicho.

A verba para a manutenção da iluminação pública vem da COSIP, um tributo cobrado diretamente na conta de luz de todas as residências e empresas conectadas ao sistema de fornecimento de energia.

“Não dependemos de orçamento público discricionário para remunerar as concessões que financiamos pois existe esse fluxo super pulverizado, com uma qualidade de crédito interessante, de arrecadação,” Barcelos disse.

A reforma tributária também permitiu que a COSIP financie sistemas de monitoramento de segurança e preservação pública — o que, na visão da RBR, é outro filão a ser explorado.

“Buscamos expandir esse investimento para um conceito de cidade inteligente utilizando a estrutura de iluminação pública, os postes, as luminárias e os dutos, para outros projetos que passam a compor uma rentabilidade adicional.”

Porém, a definição de uma lista de novas atividades que podem ser custeadas pela COSIP ainda depende de um projeto de lei em discussão no Senado.

Enquanto o PL tramita e as concessões seguem focadas apenas na manutenção da iluminação, os fundos da RBR que investem no segmento buscam uma rentabilidade de CDI + 2% líquida e isenta ou um spread de 150 a 250 pontos-base acima da NTN-B para quem prefere estar indexado à inflação.

A asset também está buscando parceiros para lançar seu primeiro fundo de equity no segmento. Nesse caso, a gestora almeja captar cerca de R$ 200 milhões para a estratégia e mira em um retorno de 25% ao ano.

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