Rubaiyat busca terrenos para entrar em hotelaria de luxo

Da mesa ao quarto de hotel.
A rede de restaurantes Rubaiyat está se preparando para lançar sua bandeira de hotéis de alto padrão.
A empresa da família Iglesias já está buscando terrenos e pensa em abrir até 10 hoteis.
“Queremos começar com uma flagship, e por isso o nosso maior desafio hoje é encontrar o endereço certo. Estamos decidindo entre Rio e São Paulo,” Diego Iglesias disse ao Metro Quadrado.
Neto de Belarmino Fernández Iglesias, o imigrante espanhol que nos anos 1950 comprou em São Paulo um restaurante libanês em decadência, o Rubaiyat, Diego diz que o primeiro hotel do grupo deve receber investimentos entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões.
O montante será destinado à aquisição ou locação do imóvel e à operação, metade via equity e o restante por captação no mercado. “Já temos alguns clientes e amigos interessados em participar desse novo empreendimento.”
A chegada do Rubaiyat à hotelaria acompanha o otimismo do mercado nacional, onde players como Fasano, Emiliano e Belmond são alguns dos poucos nomes operando no alto e altíssimo padrão.
Paulo Mancio, diretor executivo de hospitality da CBRE Brasil, diz que investidores financeiros têm revisitado teses de investimentos em hospitality diante dos indicadores positivos de retorno.
“O setor de escritórios chegou a um platô de retorno e não deve ter novos upsides, o que abre novas oportunidades para a hotelaria,” disse.
Um dos principais desafios da nova bandeira será justamente encontrar a localização perfeita. “O hotel certo no lugar errado não vai funcionar. Porque a primeira regra é: estar no local certo,” disse Mancio.
É justamente a escassez contínua de imóveis em boas regiões o principal gargalo para tirar o projeto do Rubaiyat do papel.
Até o momento, o grupo entrou na negociação de três imóveis, no Rio e em São Paulo.
Este ano, tentou abocanhar o imóvel do antigo Colégio São Paulo, na Avenida Vieira Souto, em Ipanema. De frente para o Arpoador, a propriedade está em um dos endereços mais valorizados do País.
O imóvel pertence à Arquidiocese do Rio de Janeiro e está desocupado desde 2024, quando a instituição de ensino centenária que ocupava o prédio encerrou as atividades.
O prédio é gerido por um grupo de freiras da Ordem das Angélicas de São Paulo, e as irmãs estavam à frente das negociações que incluíam as possibilidades de venda e locação, mas não avançaram.
“Chegamos a fazer estudos de viabilidade, mas negociar com as freiras é mais difícil do que com qualquer outro player do mercado financeiro,” ele disse.
Segundo uma fonte a par do tema, um dos motivos que fez as negociações do Rubaiyat empacarem foi o possível fim de uma capela no meio do imóvel, uma vez que o projeto de hotelaria previa que o espaço seria reformado para incluir mais quartos.
Diego diz que a ideia inicial era retrofitar o prédio do colégio, transformando as antigas salas de aula em cerca de 110 quartos, de 40 m² a 50 m².
O terreno teria ainda o espaço necessário para receber os principais amenities como quadras, piscinas, academia e outros “itens básicos” da hotelaria de altíssimo padrão.
As freiras angélicas fecharam negócio com um grupo educacional, que deve instalar um novo colégio imóvel da av. Vieira Souto.
Em São Paulo, a companhia também participou do leilão de um imóvel na rua Bela Cintra, no Jardim Europa. No entanto, o prédio que já pertenceu à Telefônica foi arrematado por outra companhia.
Ainda que as negociações por endereços tenham se intensificado em 2025, a ideia de transformar a marca Rubaiyat em uma bandeira de hotel surgiu no pós-pandemia, diz Diego.
Tudo começa a partir da recompra das operações do Grupo Rubaiyat pela família Iglesias em 2017.
Em 2012, a família vendeu 70% das operações do negócio para o fundo de private equity Mercapital.
Cinco anos mais tarde, o fundo revisou as teses de investimento e decidiu desinvestir em negócios de países emergentes, revendendo a participação para a família do fundador do grupo Rubaiyat.
“Com 100% do negócio, nós fechamos o restaurante do México, porque era uma operação que não perdia, mas também não ganhava dinheiro,” disse Diego.
Hoje, a companhia tem duas unidades em São Paulo – a da Faria Lima e A Figueira Rubaiyat – e outras cinco em Brasília, Rio, Madri, Santiago e Buenos Aires, além da Fazenda Rubaiyat, no Mato Grosso.
Até então, a estratégia de expansão da marca focava na abertura de restaurantes pelo mundo, mas segundo Diego – que integra a terceira geração à frente do negócio – a ideia de ter um hotel com a marca construída pelo avô era um sonho antigo da família.
Agora, o plano é casar as operações, de olho nas sinergias de alocação de equity e aumento de margens, atendendo os clientes em ambas as pontas do serviço. “Por que ter só um, se nós podemos ter um hotel e um restaurante juntos?.”
Além da bandeira de hotéis em áreas nobres das cidades, o grupo também estuda a criação de um hotel fazenda com uma operação boutique no interior.