Patria desiste de oferta de FII de papel

Patria Investments
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Os fundos imobiliários de papel são conhecidos pela resiliência em momentos de juros elevados. Mas nem mesmo a classe escapa dos efeitos negativos da Selic nas alturas.

No sinal mais recente disso, o Patria desistiu de realizar uma oferta do Patria Recebíveis Imobiliários (HGCR11) que pretendia levantar R$ 538,5 milhões.

O motivo por trás da desistência é o cenário macro, uma vez que a emissão foi protocolada seis meses atrás, quando o mercado estava melhor. “O mercado piorou e a cota caiu abaixo do valor patrimonial. Não dava para fazer ofertas nessas condições,” uma fonte a par do assunto disse ao Metro Quadrado.

Na época em que a operação foi anunciada, em setembro do ano passado, o Banco Central iniciava um novo ciclo de alta da Selic com um ajuste modesto, e havia dúvidas no mercado sobre o ritmo do aperto.

Naquele momento, o HGCR11 negociava em um patamar próximo aos R$ 98 na bolsa e pretendia emitir as novas cotas a R$ 99,81. Havia ainda um custo unitário de distribuição de R$ 3,22 que eleva o preço total para R$ 103,03.

De lá para cá, porém, o BC pisou no acelerador e os juros já estão em 13,25% ao ano, com mais uma alta de um ponto percentual já contratada para o próximo mês.

Com isso, o mercado de fundos imobiliários desabou e o HGCR11 registrou uma queda de cerca de 5% no mercado secundário. Suas cotas agora estão 3,8% abaixo do valor patrimonial.

Além disso, segundo comunicado enviado pelo gestor do fundo ao mercado na sexta-feira, a piora nas condições de mercado também afetou o retorno esperado com eventuais novos investimentos que o FII faria com os recursos levantados na emissão.

No prospecto divulgado em setembro, o fundo listava um pipeline de R$ 710 milhões em CRIs que poderiam ser adquiridos. Os títulos eram em sua maioria indexados ao IPCA e as taxas variavam de 3,5% a 10,5%.

O cancelamento da oferta ocorre poucos dias antes da data marcada para o início do exercício do direito de preferência dos cotistas, em 19 de fevereiro. Já a subscrição das cotas remanescentes começaria em março.

A gestora ainda aguarda que o cancelamento da oferta seja confirmado pela CVM. Mas esclarece que, como ambos os períodos de subscrição não foram e nem serão iniciados, não será necessário qualquer procedimento de devolução de recursos aos investidores.

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