A rua de São Paulo onde velhas fábricas estão virando MCMV

Uma rua da zona leste de São Paulo passou 13 anos sem lançar um prédio residencial.
Localizada em uma área historicamente industrial, a Rua Joaquim Carlos, no Belenzinho, ao lado do Brás, agora soma três projetos voltados para a baixa renda, todos iniciados no último trimestre do ano passado.
Espaços que antes abrigavam fábricas, galpões e depósitos vão se transformar em edifícios com subsídios do Minha Casa Minha Vida.
Os projetos, todos vizinhos imediatos um do outro, são tocados por Cury, Plano&Plano e Vivaz, da Cyrela, e somam 1.729 unidades.
Embora estejam sendo lançados agora, os empreendimentos são resultado do Plano Diretor de 2014, que buscou incentivar a construção de residenciais em áreas industriais, que estão muito próximas dos eixos de transporte.
Além disso, com o aumento do preço do metro quadrado em São Paulo, a produção industrial começou a ficar inviável nessas regiões mais centrais, desativando os galpões e esvaziando a área.
E com os incentivos do Plano Diretor, as incorporadoras voltadas à baixa renda que antes só erguiam prédios em áreas mais afastadas estão conseguindo lançar projetos em áreas mais centrais.
As empresas também foram atraídas pelo fato de o Belenzinho fazer parte de um projeto de intervenção urbana chamado Arco Tietê, que interliga o Centro, a Zona Leste e um pedaço da Zona Oeste à Marginal.
A Rua Joaquim Carlos, por exemplo, conecta a Avenida Celso Garcia à Marginal Tietê.
“Essa rua tem uma série de aspectos qualitativos: está próxima ao Centro e do metrô, é uma área especial de interesse social, então é possível colocar produtos econômicos ali e obter alguns benefícios para isso,” Renée Silveira, a diretora de incorporação da Plano&Plano, disse ao Metro Quadrado.
Historicamente, a região que envolve o Belenzinho tinha uma média de lançamentos de 300 unidades por ano até 2015. Os empreendimentos eram pontuais, com foco em médio e alto padrão.
Só depois do Plano Diretor a região passa a ter mais de mil unidades lançadas anualmente, já com atuação de empresas como a Cury, a Cyrela e a Plano&Plano, justamente pela possibilidade de construir em zonas de interesse social.
“Esse é o começo de um processo de transformação e valorização na região, que vai continuar com todas essas incorporadoras trabalhando juntas,” disse Renée.
Para Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da Cury, entender que essas áreas não tinham uma boa ocupação foi o grande mérito do Plano Diretor, e agora o potencial delas pode finalmente ser destravado.
“Ter uma região tão central como Belenzinho sendo ocupada por galpões, enquanto pessoas moram em áreas mais distantes, é uma grande inversão de valores,” ele disse ao Metro Quadrado.
Enquanto os empreendimentos da Cury e da Plano&Plano devem ser entregues em 2027, o da Vivaz deve ficar pronto em 2028.