Chineses aproveitam brecha e passam a liderar buscas por imóveis na Flórida

Os sites de buscas de imóveis na Flórida nunca receberam tantas visitas de chineses.
Desde que a Justiça americana suspendeu uma lei que proíbe a compra de imóveis no estado por parte de cidadãos e empresas da China, eles estão aumentando as consultas e já superam os colombianos – historicamente o público estrangeiro que mais busca moradia na Flórida, um refúgio de latino-americanos.
Em abril, os chineses responderam por 13% das pesquisas no total, acima dos 9% dos colombianos, que ficaram três anos seguidos no topo do ranking elaborado pela Associação de Corretores de Miami.
A lei que proíbe a compra de imóveis por parte de chineses – suspensa desde o ano passado – foi uma iniciativa do governador republicano Ron DeSantis, que diz que está protegendo o estado de agentes do Partido Comunista Chinês.
A Justiça, porém, suspendeu temporiamente a lei depois de dois chineses recorrerem em um tribunal de apelações, enquanto o caso é julgado.
Os chineses argumentam que a lei é inconstitucional, já que viola o Fair Housing Act, da Lei de Direitos Civis de 1968, que proíbe a discriminação em moradias com base em raça, cor, religião, sexo, nacionalidade, status familiar e deficiência.
A lei ainda pode ser revogada, o que seria um novo fator de aumento da demanda chinesa.
Por trás da demanda dos chineses está também o interesse em diversificar seus ativos fora da China em meio a restrições para investimentos locais.
“Miami oferece uma rara combinação de vantagens como clima favorável, valorização consistente da propriedade, forte liquidez de mercado e facilidade de aluguel em todos os tipos de ativos,” o corretor Carlos Rojas, o CEO da imobiliária Miami Riches, disse ao Metro Quadrado.
Na Flórida, a comunidade chinesa não chega a 1% da população. A maioria desses residentes é de imigrantes de primeira geração, que chegam ao país para estudar e trabalhar.
Mas o aumento da procura dos chineses por imóveis não tem, necessariamente, se traduzido em aumento das compras, segundo a corretora Peggy Olin, CEO da imobiliária de luxo OneWorld Properties.
“Muitos compradores enfrentam barreiras importantes, como a dificuldade de mover capital da China, além dessas limitações legais que vêm sendo impostas,” ela disse ao Metro Quadrado. “É um mercado que atrai, mas ainda apresenta obstáculos.”