A nova Helbor: menos dívida, mais lançamentos e hotéis com residencial

A nova Helbor: menos dívida, mais lançamentos e hotéis com residencial
|

A Helbor entrou em 2025 com o pé no acelerador.

Depois de frear os lançamentos no ano passado num esforço para reequilibrar seu balanço, a incorporadora da família Borenstein está voltando a pôr um número maior de projetos na rua.

Com o ajuste de rota em 2024, o nível de estoque foi reduzido de 24 meses de vendas para 10 meses, abrindo espaço para mais empreendimentos.

A projeção da Helbor é que os lançamentos este ano cheguem a algo entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões em VGV, acima do R$ 1,1 bilhão do ano passado.

“Queremos voltar a ter mais produtos na prateleira,” o CEO Henry Borenstein disse ao Metro Quadrado.

Henry Borenstein ok 1

No primeiro tri já foram três lançamentos, com VGV líquido de R$ 491,3 milhões, em que 30% correspondem à participação da companhia.

Segundo Henry, a empresa já tem um landbank relevante para o seu porte, o que viabiliza lançamentos sem precisar investir em terrenos. “Temos um banco de R$ 11 bi em VGV, o que nos permite lançar R$ 2 bi por ano se ficarmos quatro anos sem nos preocuparmos em comprar terreno,” disse.

Isto não significa, porém, que a Helbor esteja esbanjando otimismo: o macro ainda é instável, e os juros devem seguir altos por algum tempo.

“Não está tudo uma maravilha. Longe disso. Estamos cautelosos, fazendo conta, para não perder o nosso foco, que é reduzir a alavancagem,” disse o CEO. “Os lançamentos serão caso a caso. Temos terrenos comprados, muitos projetos aprovados, mas estamos olhando o Brasil no macro, para não criar estoque.”

A preocupação de Henry com a alavancagem coincide com o principal ponto de atenção levantado pelos analistas que cobrem a Helbor.

O objetivo é que a companhia atinja o nível de saúde financeira que tinha antes da crise dos distratos, que abalou toda a indústria entre 2015 e 2016, com as empresas mostrando sequelas até hoje.

Depois de negociar a R$ 46 no seu pico, em 2013, a ação da Helbor hoje é cotada a R$ 2,14, com um maket cap de R$ 285,2 milhões.

No seu balanço, um dos principais indicadores já foi recuperado: a margem bruta, que voltou ao patamar de 32% em 2024.

O nível de dívida líquida sobre patrimônio, por sua vez, deve voltar no fim de 2025 a ter os resultados que tinha antes da crise.

A expectativa é que o indicador – que caiu de 77% para 58% ao longo de 2024 com o freio nos lançamentos – seja reduzido para algo entre 50% e 52%.

“Internamente queremos reduzir para abaixo de 50%, mas pode ser que em algum momento suba um pouco por causa dos lançamentos, que exigem um financiamento para as obras,” disse. “Mas no fim do ano voltaremos a navegar pelos mares aos quais estávamos acostumados.”

Já a retomada do lucro líquido deve levar mais tempo.

Antes da crise – o período que Henry chama de “fase áurea” da Helbor – a empresa de Mogi das Cruzes fazia um lucro anual de R$ 250 milhões a R$ 300 milhões. O ano passado terminou com R$ 163 milhões.

“Com a alta dos juros, aumenta o custo do serviço da dívida, então estamos mirando para este ano um lucro semelhante ao do ano passado,” disse. “Mas no ano que vem, dependendo do que ocorrer no macro, podemos ter um resultado melhor.”

Para minimizar riscos, a Helbor pretende se dedicar mais a lançamentos no alto e altíssimo padrão, com um foco maior na cidade de São Paulo e uma operação agora concentrada em poucas cidades.

Fundada em 1977 em Mogi das Cruzes pelo pai de Henry, Henrique Borenstein, filho de um ucraniano que chegou ao Brasil em 1917, a Helbor foi uma empresa focada em sua cidade natal até abrir o capital em 2007, no boom de IPOs de incorporadoras.

Embora tenha sido uma das últimas daquela leva a chegar à Bolsa, o que lhe rendeu uma captação menor, a empresa conseguiu impulsionar seu avanço para outras geografias, chegando a cerca de 80 cidades.

Em 2016, porém, na crise dos distratos, a empresa sofreu com 12 mil devoluções de imóveis, em um momento em que somava 86 canteiros de obras.

“Ficamos de três a quatro anos resolvendo esse estoque legado, revendendo unidades com perda, e fomos saneando depois que veio a regulamentação da lei dos distratos,” disse o CEO. “É como conduzir um transatlântico. Batemos no iceberg, mas conseguimos não afundar.”

Hoje, 80% da operação da Helbor está em São Paulo, e os outros 20% espalhados pela região metropolitana (o que inclui o ABC e Mogi) e Curitiba. “E estamos fazendo mais projetos de alto e altíssimo padrão do que antes.”

Entre os terrenos que deve explorar para o segmento de alta renda estão 6 mil m² no cruzamento entre a Av. República do Líbano e a Rua Canário, com vista para o Parque Ibirapuera; um terreno entre as alamedas Lorena e Pamplona; e a área onde fica a Churrascaria Rodeio, comprada pela Helbor, na Haddock Lobo com a Oscar Freire.

A Helbor também pretende seguir apostando em empreendimentos como o W, a bandeira nova iorquina de hotéis que a incorporadora trouxe para o Brasil em parceria com a HBR Realty, a outra empresa controlada pela família que atua com projetos comerciais.

Parte do hotel é formada por unidades residenciais de luxo (que ficam a cargo da Helbor, enquanto a HBR cuida do hotel). Os apartamentos se valem dos serviços hoteleiros para atrair compradores interessados em aproveitar essas comodidades.

Lançado no fim de 2019, o W Residences foi entregue em março de 2024 e, segundo Henry, está com 81% das unidades vendidas.

“Cada vez mais a Helbor vai fazer esse tipo de produto,” disse.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir