Melnick avança em SP em acordo com a Yuny

Antes tarde do que nunca.
A incorporadora gaúcha Melnick, uma ex-investida da Even, está finalmente conseguindo dar tração ao plano definido há cinco anos em seu IPO: expandir a operação.
Depois de anunciar em janeiro o seu primeiro projeto em São Paulo (uma parceria com Even feita após o desinvestimento), na Vila Madalena, a empresa está agora entrando como sócia em um projeto já em desenvolvimento da Yuny, o Quaddra Lorena, um residencial de luxo que será construído nos Jardins, no mesmo terreno onde fica a sede do GPA, e com VGV de R$ 700 milhões.
“Nossas estratégias são complementares,” Marcelo Yunes, o CEO da Yuny, disse ao Metro Quadrado.
O acerto envolve uma joint-venture criada para este e outros projetos de luxo que devem ser lançados em São Paulo, mas não se trata de um acordo de exclusividade.
O non compete que a Melnick tinha com a Even foi rompido no ano passado depois que Leandro Melnick, o fundador e CEO da incorporadora gaúcha, deixou a presidência do conselho da Even. Antes, ele havia sido CEO da Even entre 2015 e 2023.
O fim do non compete permitiu à empresa gaúcha operar novos negócios com outras empresas e abriu espaço para a expansão planejada no IPO.
A ideia inicial com a capitalização era duplicar o tamanho da operação em Porto Alegre, mas a rota precisou ser recalculada diante dos desafios macroeconômicos, incluindo o avanço dos juros.
Cinco anos após levantar R$ 713 milhões na bolsa, o fundador disse que agora a companhia está muito capitalizada, mas com poucos projetos. “Temos uma capitalização maior do que o necessário para o nosso operacional hoje.”
Com isso, mesmo que os juros sigam altos, a empresa entendeu que vale a pena apostar no segmento residencial mais resiliente, o de alto padrão (onde tem experiência em Porto Alegre), dividindo o risco com outras incorporadoras.
Segundo o fundador, a incorporadora gaúcha tem capacidade de operar anualmente com um VGV próximo a R$ 2 bilhões, mas, por ora, trabalha ainda com algo em torno de R$ 700 milhões.
Além do Rio Grande do Sul e de São Paulo, a Melnick tem projetos em Santa Catarina.
“A nossa estratégia é ter parceria nessas regiões, não estamos pensando em expandir para outros locais. Somos muito conservadores”, ele disse.
Após o anúncio da JV, os papéis da Melnick fecharam hoje em alta de 0,90%, negociados a R$ 3,36, com market cap de R$ 693 milhões. A ação é negociada a um múltiplo P/VP de 0,63x, abaixo de pares como a Moura Dubeux, de 1,04x, ou da gigante Cyrela, de 1,1x.