A corrida por mais prêmio no real estate da América Latina

Uma pesquisa feita pela CBRE com investidores do mercado imobiliário em seis dos principais países da América Latina mostrou que o cenário de juros altos na região está levando a uma busca por mais retorno.
Os investimentos classificados como core (aqueles mais conservadores, como investir em escritórios na Faria Lima) seguem no topo das preferências, aparecendo em quase 25% das respostas, mas os resultados de outras duas categorias que sugerem um risco maior chamaram a atenção da consultoria.
Os ativos oportunísticos (que podem exigir uma mudança drástica no imóvel) foram citados por mais de 20% dos investidores, e os value-add (algo como um retrofit ou um reposicionamento do ativo), por 15%.
“Há um aumento de alocação nesses setores que representa uma busca pelo prêmio em tempos de juros altos em toda a região,” Danilo Ferrari, o diretor da área de investimentos da CBRE no Brasil, disse ao Metro Quadrado.
A CBRE diz que as duas estratégias estão ganhando força especialmente no Brasil e no México, onde os juros sobem em meio a pressões fiscais, com os investidores buscando ativos em dificuldades ou de reabilitação.
Além de brasileiros e mexicanos, a pesquisa ouviu profissionais de mercados do Chile, da Costa Rica, da Colômbia e da Argentina.
No total, mais de 30% dos investidores pretendem aumentar os níveis de investimentos na região em mais de 10%. Entre aqueles que disseram que vão subir ou manter os aportes, a proporção supera os 70%.
No Brasil, diz a pesquisa, a demanda por novos investimentos é impulsionada por family offices com alta liquidez.
Um dos setores preferidos do mercado brasileiro tem sido a logística, com a absorção batendo recordes, a vacância em queda e o preço da locação em alta.
“Essa combinação é música para os investidores,” disse o CEO da CBRE no Brasil, Adriano Sartori. “Em todas as negociações de revisão de contrato nas quais estamos envolvidos, os preços estão subindo acima da inflação.”
Mas o segmento para o qual os investidores esperam os maiores níveis de cap rate no Brasil é o de hotelaria, tanto para business quanto para passeio, com a retomada dos hotéis no pós-pandemia, impulsionada pela volta de viagens corporativas e eventos de lazer em grandes cidades.
Já na divisão entre geografias no Brasil, o investidor segue mais conservador, dando preferência à cidade de São Paulo, com quase 40% das respostas.
“Em momentos como esse, o investidor busca mercados onde ele terá liquidez,” disse Sartori.