Do café ao vinho, Espírito Santo do Pinhal agora vive um boom imobiliário

A duas horas de São Paulo, a pequena Espírito Santo do Pinhal viveu o auge da cafeicultura do País no início do século passado.
Ao longo das últimas décadas, foi desenvolvendo novas vocações: recebeu a viticultura e atraiu vinícolas interessadas no seu solo fértil.
Agora, com o impulso do enoturismo, tem surgido uma demanda por moradias de alto padrão.
O interesse pela região despertou a atenção de grandes incorporadoras do segmento de second home de luxo, além de gestoras da Faria Lima.
Executivos da JHSF visitaram a cidade para conhecer áreas disponíveis para a construção de um condomínio de luxo nos moldes da Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, uma fonte disse ao Metro Quadrado.
A Casuarina Empreendimentos, responsável pelo Quinta da Baronesa, em Atibaia, também esteve na região de olho em terrenos.
Só no último ano, a cidade movimentou cerca de R$ 500 milhões em novos projetos imobiliários.
Um deles foi o da rede Radisson, que anunciou um investimento de R$ 120 milhões na cidade para a construção de um hotel com 140 apartamentos, em parceria com uma vinícola própria.
Recentemente, um condomínio com dez terrenos de 20 mil metros quadrados cada foi vendido a empresários ligados ao mercado da música sertanejo.
A área antes pertencia ao Rancho Churrascada, do empresário Juliano Lourenço, que havia adquirido o terreno por R$ 40 milhões.
De olho no potencial da cidade, a Câmara Municipal de Espírito Santo do Pinhal aprovou em dezembro o novo plano diretor, que abre espaço para negociações com foco imobiliário e deve gerar uma nova onda de valorização fundiária.
Antes, as transações eram feitas por hectare ou alqueire. Com a mudança na legislação, os proprietários podem dividir suas áreas em lotes de até 20 mil metros quadrados.
Entre os interessados na cidade também estão executivos do mercado financeiro e da tecnologia, apaixonados por enocultura, que começaram a desembarcar na região. Primeiro como turistas, depois como investidores atentos à valorização imobiliária.
A lista envolve nomes como Rodrigo Dantas (cofundador da Vindi e membro do board da Crescera Capital), José Humberto Teodoro (sócio da Arar Capital), Fabio Greco (Vizion Brazil Investments) e Patrick Eckert (presidente da farmacêutica GSK no Brasil).
Rodrigo Dantas, sócio da Crescera Capital, conheceu a região por meio de um amigo que já investia no local. Após algumas visitas, decidiu apostar no mercado.
Ele adquiriu uma fazenda desativada de 130 mil metros quadrados e avalia a compra de outras duas propriedades.
A tese de Rodrigo se baseia no crescimento do enoturismo e na consequente valorização dos ativos imobiliários.
“Nossa visão é gerar receita inicialmente com experiências ligadas ao café, mas estamos de olho na especulação imobiliária que deve ocorrer,” Rodrigo disse ao Metro Quadrado.
“Acreditamos que Pinhal pode se tornar a ‘Bento Gonçalves’ de São Paulo.”