EXCLUSIVO: A lista de quem comprou CEPACs da Faria Lima

Pelo menos 11 empresas compraram CEPACs da Faria Lima no leilão ocorrido terça na B3, apurou o Metro Quadrado.
A lista inclui JHSF, Partage, São José Incorporadora, Even, Jacarandá Capital, HBR Realty, Stan, Epson Engenharia, Banco Industrial, Trisul e Lúcio Incorporadora.
São players que buscavam CEPACs para aumentar o potencial construtivo de projetos que ainda estão no papel ou para regularizar prédios que já estão prontos.
Na primeira fase do leilão, a Prefeitura vendeu 94 mil CEPACs e arrecadou R$ 1,7 bilhão, ou 57% das 164 mil unidades disponíveis, o que frustrou os planos da Prefeitura de arrecadar R$ 2,8 bilhões com os títulos da Operação Consorciada da Faria Lima.
Entre os compradores, a HBR Realty comprou 1.857 títulos e vai usá-los em um terreno de 800 metros quadrados na Faria Lima.
A empresa vai erguer uma torre multiuso de 4 mil m² em 10 andares. O projeto prevê fachada ativa com café e empório no térreo, lajes corporativas, dois andares residenciais de altíssimo padrão e um restaurante no rooftop.
“Esse era um dos últimos terrenos bem localizados na Faria Lima,” Alexandre Nakano, o CEO da HBR Realty, disse ao Metro Quadrado.
Os andares corporativos serão voltados a inquilinos de pequeno e médio porte – como clínicas e escritórios de advocacia – que buscam áreas de 500 a 600 m². “São empresas que precisam estar próximas dos seus clientes, que também estão na Faria Lima,” ele diz.
A Lúcio Incorporadora, focada no alto padrão da Faria Lima, também garantiu CEPACs, que serão usados para projetos residenciais e corporativos na região.
“Nossas aquisições nunca são especulativas, só compramos quando há projeto para vincular os CEPACs,” Renan Lúcio, o vice-presidente da incorporadora, disse ao Metro Quadrado.
No leilão de 2021, a incorporadora comprou 50% de todos os papéis. No certame de ontem, usou equity e uma captação no mercado para adquirir os CEPACs.
“Nossa estratégia é utilizar esses CEPACs na região da Faria Lima mesmo com os valores bem apertados dos terrenos,” ele diz.
Já a Even estava à espera do leilão de CEPACs porque tem um acerto com o Santander para comprar um terreno na Faria Lima que hoje abriga uma agência do banco, perto do shopping Iguatemi. O espaço deve dar lugar a um residencial de alto padrão da RFM-E, uma joint venture entre Even e RFM.
A JHSF, por sua vez, deve se valer dos CEPACs comprados para revisar o projeto do Shops da Faria Lima, disse uma fonte.
Logo ao lado, a Partage arrematou 19 mil CEPACs para erguer um edifício na Faria Lima em frente ao B32, ainda sem ter definido se será residencial, comercial ou de uso misto.
A Jacarandá Capital vai usar seu estoque para um projeto residencial na região do Largo da Batata, área menos nobre da Faria Lima.
Juntas, a Stan Desenvolvimento Imobiliário e a Epson Engenharia planejam um projeto no encontro da rua Amauri com as avenidas Faria Lima e Cidade Jardim.
O terreno, comprado do Grupo Ultra (um antigo posto da rede Ipiranga), aguardava CEPACs para sair do papel. “Eles compraram esse terreno há anos, mas o ativo estava parado porque, sem CEPACs, a conta não fechava,” disse uma fonte ligada à transação.
Com demanda abaixo do esperado, o leilão não conseguiu superar o lance mínimo de R$ 17,6 mil. Para a próxima remessa deve ser leiloada em 2026.
A Lúcio Incorporadora avalia comprar novos CEPACs na segunda leva, caso os preços estejam atrativos.
O vice-presidente disse que a Lúcio está em fase avançada de aquisição de terrenos na região, que demandarão novas remessas de títulos imobiliários.
A Patria Investimentos também avalia entrar na próxima remessa, caso os títulos saiam com desconto, disse uma fonte.
A gestora vai refazer as contas e estudar expansões de área construída em imóveis do portfólio, além da regularização de alguns empreendimentos.