Mercado põe novo prefeito de NYC na conta – e se acalma

O pânico que o mercado imobiliário sentiu com a eleição de Zohran Mamdani em Nova York está ficando para trás.
Numa carta para acalmar clientes, a RBR Asset, gestora brasileira que investe em ativos da cidade por meio de quatro fundos, disse que será muito desafiador para o novo prefeito implementar suas propostas de habitação – como o congelamento dos aluguéis – dado que ele precisa aprová-las no Rent Guidelines Board, o órgão municipal que inclui proprietários e locatários.

Além disso, a casa lembrou que o foco de Mamdani está em apartamentos de aluguel controlado e no aumento da oferta de prédios para esse tipo de moradia, e não no chamado free market, que concentra mais de 90% das unidades residenciais que compõem o portfólio de ativos da RBR em Nova York.
“Não enxergamos medidas legais aceitáveis que afetem apartamentos free market,” diz a carta.
A RBR reconhece, no entanto, que o novo ambiente pode diminuir o número de compradores no free market.
De um lado, isso pode gerar oportunidades de aquisição a preços atrativos para seu fundo em fase inicial de investimento. Do outro, torna mais lenta a venda pelos fundos em desinvestimento.
A gestora, contudo, disse que o pós-eleição vem se mostrando positivo para novos negócios, com o aumento do interesse pelos ativos do free market.
“O medo que existia era de uma saída do institucional dos investimentos, mas isso não se concretizou. O pequeno investidor pode até ficar apreensivo, mas não vemos esse movimento do dinheiro deixando a cidade,” Ricardo Costa, o head da operação americana da RBR Asset, disse ao Metro Quadrado.

Um levantamento do site The Real Deal mostra que, após a eleição de Mamdani, foram assinados 41 contratos de imóveis de luxo – considerando valores acima de US$ 4 milhões – o maior número em cinco meses. Pelo menos por ora, o dado contraria a expectativa de que os “superricos” deixariam a cidade – mas é verdade que o novo prefeito sequer assumiu.
Na avaliação de Costa, Mamdani já deu sinais de que vai dialogar com o mercado. “A impressão geral é de que o mandato dele terá uma grande diferença entre o discurso e o que ele efetivamente vai fazer,” disse.
O seu projeto de construir cerca de 200 mil unidades habitacionais populares, um investimento estimado em US$ 70 bilhões por meio da emissão de títulos da dívida municipal, abriu espaço para conversas com o mercado.
Após a vitória, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, telefonou ao futuro prefeito e se dispôs a conversar. Durante a campanha, Dimon havia criticado a “inexperiência” do democrata.

Bill Ackman – o gestor da Pershing Square – também atuou ativamente para barrar Mamdani, doando milhões de dólares à campanha de Cuomo. Após a vitória, Ackman publicou no X (ex-Twitter) uma mensagem parabenizando Mamdani e se colocando à disposição:
“Agora você tem uma grande responsabilidade. Se eu puder ajudar, me diga o que posso fazer,” escreveu.
Harry Nasser, um broker da Sotheby’s International Realty, disse que durante prévias do Partido Democrata o mercado na cidade chegou a andar de lado, mas logo em seguida voltou a se reaquecer.
“Naquele momento, alguns clientes nos ligavam preocupados, querendo entender o quanto isso afetaria os negócios. Mas agora, na eleição mesmo, tudo já estava claro,” ele disse.
Para o broker brasileiro, os investidores perceberam cedo que Mamdani teria dificuldade em tirar seus planos do papel, e que na campanha as promessas tinham papel meramente eleitoral. “As ideias dele soam como as de um extremista que gosta de prometer as coisas sabendo que não vai conseguir cumprir.”







