O influencer que bombou nas redes mostrando prédios pelo mundo

O influencer que bombou nas redes mostrando prédios pelo mundo
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Filho de uma fotógrafa e de um produtor de cinema, o arquiteto franco-brasileiro Nino Ferrari-Mathis aprendeu cedo com os pais a importância de registrar memórias.

Foi durante o período de estudos na Parsons School of Design, a escola de Nova York onde se formou em arquitetura, que ele decidiu seguir o conselho deles e usar as redes sociais para registrar – e compartilhar – a sua paixão por edifícios.

“Eu comecei a criar conteúdo nas minhas visitas aos prédios, para aprender sobre eles. Postar era como criar um acervo para mim mesmo,” Nino disse ao Metro Quadrado.

Aos 22 anos, o profissional recém-formado é o nome por trás do perfil Nino’s Buildings, que reúne mais de 439 mil seguidores no Instagram e o levou a se apresentar como um influenciador de arquitetura.

Ele usa a plataforma para apresentar nomes do design, edifícios emblemáticos e debater arquitetura e urbanismo com entusiastas do tema no mundo todo.

No Instagram, mais de uma centena de vídeos sobre arquitetura soma milhões de visualizações.

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Apenas o vídeo em que Nino apresenta o Palácio do Itamaraty e a escadaria suspensa projetada por Oscar Niemeyer já acumula mais de 6,4 milhões de visualizações e quase 500 mil curtidas.

“Eu visitava prédios e museus como estudante, mas, com o sucesso dos vídeos, comecei a ser convidado por pessoas e profissionais para conhecer novos lugares,” disse.

Nino se apaixonou pela arquitetura quando ainda morava no Brasil. Sua primeira referência arquitetônica foi a casa dos avós maternos, em São Carlos, no interior de São Paulo, onde viveu até os seis anos, antes de se mudar para Paris com os pais.

“Eu cresci em uma casa onde a cultura sempre esteve no centro. Minha mãe nasceu no Brasil e meu pai, na França – dois países muito fortes em relação à arquitetura,” disse.

“Ter vivido em dois lugares tão diferentes me fez perceber como a vida das pessoas pode mudar conforme o tipo de arquitetura do lugar onde vivem.”

As memórias de infância ajudam a explicar o gosto de Nino pela arquitetura. 

Ele cresceu em uma casa avarandada, com o jardim como ponto central – um imóvel modernista dos anos 1960 que ele guarda como uma das primeiras lembranças marcantes.

“O Brasil tem uma arquitetura incrível e rica, com grandes nomes como Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer e outros arquitetos contemporâneos,” disse.

A influência paterna também marcou sua formação. Quando se mudou para Paris na infância, ele foi morar em um edifício de estilo haussmanniano, típico do século XIX.

Diferente da casa no interior paulista – aberta e integrada ao jardim – o apartamento em Paris era mais austero e fechado, como previa o ideal urbano do então presidente Napoleão III.

A conexão com o Brasil, no entanto, foi determinante para sua escolha profissional. Aos 16 anos, como parte de um projeto escolar, ele fez um estágio no escritório de arquitetura Arthur Casas, em São Paulo.

O adolescente escolheu seguir a carreira depois de uma temporada observando a equipe de arquitetos demonstrar seu savoir-faire em arquitetura e urbanismo.

“Na época do estágio, era como se eu estivesse descobrindo um mundo novo no Brasil, que não é tão reconhecido quanto deveria lá fora,” disse. “Foi nessa época que minha mãe me deu minha primeira câmera, e eu comecei a registrar imagens de vários prédios na cidade.”

Com o fim do estágio, Nino voltou a Paris para concluir o colégio e, em seguida, se mudou para Nova York, onde viveu os últimos quatro anos, durante a graduação.

Mesmo longe, a conexão com o Brasil se manteve. 

Segundo ele, seus vídeos de maior sucesso – de crítica e público – são justamente os que apresentam prédios icônicos da arquitetura brasileira. “Eu me inspiro muito na arte, na música e, claro, no design da nossa cultura para produzir meus vídeos,” disse.

Com o diploma recém-conquistado, Nino agora planeja o próximo passo: conhecer novas culturas e edifícios e descobrir como monetizar o projeto que começou como um hobby e se transformou em parte da sua carreira.

“A minha lista de lugares a visitar se transformou em uma grande world tour – só preciso me organizar financeiramente para conhecer tudo,” disse.

Ele ainda não sabe se seguirá apenas na criação de conteúdo ou se vai se dedicar ao desenvolvimento de projetos arquitetônicos. “Essa é a pergunta que eu mais recebo. Pelo menos uma vez por dia alguém me questiona isso,” disse, rindo.

Por ora, Nino quer continuar explorando e aprendendo – e compartilhando com seus seguidores. “Eu estou aberto a todas as possibilidades. Por isso mesmo criei meu perfil Nino’s Buildings. Talvez eu queira desenhar objetos, roupas ou casas. Ainda estou me descobrindo.”

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