O maior corretor de Balneário também quer estar de frente para o mar

O maior corretor de Balneário também quer estar de frente para o mar
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O maior corretor de Balneário Camboriú está saindo da cidade.

Nas próximas semanas, Guilherme Pilger vai levar seu escritório para um lugar que está prometendo negócios mais rentáveis, a Praia Brava, no litoral da vizinha Itajaí, em Santa Catarina.

A vista também vai melhorar. Hoje instalado em uma sala comercial a sete quadras da orla de BC, na Praia Brava ele estará em uma loja de frente para o mar.

O novo espaço será três vezes maior, chegando a 295 metros quadrados (incluindo 165 m² de área externa), apesar de o time seguir do mesmo tamanho: ele e apenas mais quatro corretores.

“Será um lugar imponente para levar o cliente para tomar um coco ou um café de frente para o mar na área externa, ou para eventos, com churrasco e pagode,” ele disse ao Metro Quadrado.

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Guilherme seguirá trabalhando com os imóveis da luxuosa BC, onde os lançamentos se vendem rapidamente, como o Senna Tower, mas diz que muitas transações no mercado secundário não avançam porque o proprietário não quer baixar o preço.

“A maioria é investidor, que não quer perder e não está desesperado para vender,” ele diz. “Se baixasse um pouco o valor, vendia na hora.”

Já a Praia Brava está vivendo um outro momento. Como a lei de Itajaí não permite prédios tão altos quanto os de BC, a região vende uma exclusividade que eleva o preço, impulsionado também pelo verde da Mata Atlântica no entorno.

O preço mínimo do m² na Praia Brava já supera a média de BC – e também há apartamentos que já alcançam a marca dos R$ 100 mil por m².

“Ali vai ser o suprassumo do mercado, o crème de la crème,” diz o corretor. “Não vai ter tanto imóvel quanto BC, mas a valorização será muito maior.”

Esta é a terceira vez que Guilherme muda de cidade enquanto corretor em busca de mais retornos.

Gaúcho de Sapiranga, começou a trabalhar na vizinha Novo Hamburgo, aos 21 anos, depois de achar um anúncio de uma vaga em uma imobiliária, em 2008.

Entrou em uma comunidade de corretores no antigo Orkut para entender a profissão e se animou com o que leu. “Um dizia que fazia R$ 15 mil de comissão, e o outro disse que trocou de carro já no segundo mês.”

Parecia mais promissor do que as oportunidades da sua cidade, onde boa parte dos jovens ia ganhar um salário mínimo na indústria calçadista da região. 

“Trabalhando com imóveis eu podia fazer meu próprio salário. Quanto mais tu vende, mais tu ganha, é infinito.”

Em 2016, voltou para Sapiranga e passou a investir nas redes sociais para ampliar o seu alcance, valendo-se do então disruptivo pau de selfie para fazer vídeos. “Eu colocava 10 reais de impulsionamento no Facebook e meu vídeo aparecia para a cidade inteira.”

Foi assim que ele fechou sua primeira grande venda, um imóvel de R$ 2,3 milhões, bem acima do maior negócio que fizera em Novo Hamburgo, de R$ 500 mil.

“Percebi que poderia investir mais na minha imagem e não depender mais de imobiliária para ter clientes.”

Sentindo-se autônomo, começou a nutrir o desejo de morar fora. Analisou opções nos Estados Unidos, na Austrália e em Portugal, para onde sua esposa, médica, chegou a fazer a prova para revalidar o diploma.

O plano foi abortado depois de uma palestra para corretores em BC, um lugar do qual ele guardava vagas lembranças de um passeio na infância.

“Eu me senti nos Estados Unidos, a arquitetura, o open mall, as avenidas com canteiros bonitos, e pensei: meu Deus, isso aqui é primeiro mundo.”

O casal se mudou no fim de 2019, e ele investiu em 20 outdoors em BC, em contratos de um ano, para começar a se tornar conhecido na região.

“Eu me inspirei nos políticos: quem ganha eleição é aquele que tem mais placas, por ser percebido pelas pessoas como o mais forte.”

Mas aí veio a pandemia. Sem fechar nenhum negócio, vendeu o carro para conseguir renovar apenas dois dos 20 outdoors, e pediu à mulher para segurar as pontas em casa com o salário de médica.

Recorreu inclusive a uma benzedeira. “Estava fazendo tudo certo e as coisas não aconteciam. Resolvi apelar.”

Duas semanas depois, o jogo virou. Alguém de São Paulo viu seus vídeos no YouTube e o procurou para comprar um imóvel em BC, fechando um negócio de R$ 2,1 milhões.

“O YouTube bombou na pandemia com as lives e as pessoas procurando lugares para morar ou viajar no Brasil, já que não se podia ir para fora,” ele diz. “E quando se buscava no Google os lugares com mais qualidade de vida, Balneário sempre aparecia.”

Em 2021, começou a atender de 10 a 15 clientes por dia, e fechou o ano com R$ 65 milhões em imóveis vendidos.

“Com a pandemia, muita gente pensou: já que eu vou morrer, pelo menos vou usar meu capital para comprar um apartamento na praia,” diz. “E depois, quando viram que não iam morrer, passaram a olhar como investimento.”

Ele conta que o mercado deu uma parada após a eleição de Lula em 2022, com muitos empresários pensando em levar o dinheiro para fora, mas meses depois as vendas voltaram ao ritmo normal. “O pessoal viu que o mundo não acabou.”

Em 2024, seu melhor ano até aqui, foram R$ 145 milhões em vendas – e 75% disso já foi alcançado em 2025.

Já consolidado na região, ele está mais seletivo nos imóveis que topa vender. “Tem que ser um lugar com facilidade para revender depois. Os de frente para o mar têm liquidez sempre.”

E vai seguir apostando nas redes sociais. No Instagram, são 181 mil seguidores, a maior parte outros corretores. “Se tu para de fazer, vem outro fazendo mais e leva tua referência, então tu não pode parar.”

Agora, está investindo em um reality show no YouTube onde mostra suas negociações em ambientes luxuosos, com vídeos dirigindo um Porsche e andando de jet sky.

Tem também buscado intermediar negócios para a Florida, onde comprou para si um apartamento no prédio da Mercedes-Benz, e Dubai.

Mas descarta a possibilidade de explorar São Paulo, o maior mercado de alto padrão do País.

“É que eu gosto do mar, né? Se me convidarem para onde tem mar, eu vou.”

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