Depois da pandemia, Miami pode viver uma nova onda migratória de endinheirados vindos de Nova York – agora por motivos políticos.

Para o CEO do Related Group, Jon Paul Pérez, a eleição do democrata Zohan Mamdani e suas políticas classificadas como “anti-milionários” já estão gerando efeito.

“Só na semana passada nós vendemos seis unidades em West Palm Beach para pessoas de Nova York,” disse o executivo. “Nós vamos nos beneficiar e eu ainda não sei dizer quanto, mas veremos um aumento expressivo nas vendas daqui em diante,” ele disse ao Metro Quadrado.

O executivo acrescenta outro fator: a sensação de insegurança entre esse grupo, que pode se sentir “perseguido” ideologicamente pelo governo municipal e buscar Miami como uma opção mais amigável.

“Já se paga uma alíquota alta de impostos em Nova York; uma taxa adicional talvez não impactasse quem tem dinheiro. Mas se eles se sentirem ameaçados, vão dizer: ‘eu tenho que sair daqui’,” disse Pérez.

“Imagine uma pessoa com filhos que estudam nas melhores escolas privadas e essas crianças se tornam um alvo apenas por serem privilegiadas. As pessoas querem se sentir seguras.”

Parte desse público de alto poder aquisitivo está também no Brasil. De olho nessa fatia de consumidores, Pérez fez um roadshow em São Paulo para apresentar novos projetos do Related Group a investidores brasileiros. “Dos nossos clientes, os brasileiros e os mexicanos são aqueles com maior disposição para investir em projetos de luxo,” disse.

Para aproveitar esse movimento migratório, a incorporadora vem se preparando para ofertar edifícios assinados e projetos com plantas cada vez maiores — algo hoje muito difícil de produzir em Nova York, pela escassez de terrenos disponíveis.

“Nunca na história tivemos tantos bilionários no mundo. Essas pessoas não têm medo de gastar o dinheiro que possuem, não têm medo de serem criticadas por pagarem pelo que há de melhor na vida, independentemente do preço,” disse Pérez.

A companhia criada em 1979 pelo patriarca da família, Jorge M. Pérez, era inicialmente voltada ao segmento de moradia popular. Com o tempo, se consolidou como um dos principais nomes do mercado de luxo na região.

Em 2025, a incorporadora já vendeu cerca de US$ 1 bilhão em unidades residenciais, dos quais US$ 200 milhões foram contratos assinados nos últimos dois meses. 

O grupo tem um pipeline de US$ 28 bilhões em lançamentos imobiliários, divididos entre moradias populares, multifamily, uso misto e altíssimo padrão.