Buenos Aires vive uma seca de novos projetos para prédios corporativos

Buenos Aires vive uma seca de novos projetos para prédios corporativos
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BUENOS AIRES – Está difícil encontrar canteiros de obras para prédios corporativos na Argentina.

Embora as empresas estejam animadas com as perspectivas para a economia do país, a inflação ainda elevada e os altos custos de construção têm travado o desenvolvimento de novos edifícios.

Hoje, os projetos que estão com obras em estágio inicial totalizam 152 mil metros quadrados, o nível mais baixo dos últimos cinco anos, de acordo com a consultoria Cushman & Wakefield.

Na capital Buenos Aires – que concentra quase 90% do estoque de prédios corporativos da Argentina, de 2,5 milhões de m² – a maioria das regiões está construindo pouco ou não está construindo ou não tem previsão de novos projetos. 

O Microcentro, onde fica o distrito financeiro, perto do Obelisco, está erguendo apenas 12 mil m² neste ano, enquanto Puerto Madero não está construindo nada, de acordo com levantamento da JLL.

Um dos poucos projetos em andamento é uma torre de 35 andares do Banco Safra, que será o único edifício de escritórios AA a ser entregue nos próximos três anos.

Outro ponto que tem tirado o apetite de quem constrói é a maior resistência dos argentinos ao retorno ao modelo presencial.

Com o modelo híbrido sendo aderido com mais força no país, a média de frequência nos escritórios tem sido de apenas dois dias, gerando desocupação e paralisação de projetos que estavam planejados para serem lançados no ano passado ou neste ano.

Tanto que alguns já estão praticamente finalizados há anos, mas ainda não foram inaugurados.

Entre prédios de classe A e B, a Argentina registra vacância de 18,6% – alta para um país que já teve médias entre 6% e 8%, segundo a JLL. Em Buenos Aires, as áreas centrais têm uma das taxas mais altas, acima de 30%. Já o Microcentro tem vacância de 17%.

Além disso, o crédito imobiliário é escasso na Argentina, e as incorporadoras acabam dependendo mais do próprio capital para tocar projetos, o que eleva a cautela.

“E como todas as transações de real estate na Argentina são feitas em dólar, qualquer variação para cima da moeda americana afeta o setor,” disse Guido Mosin, gerente de research da JLL na Argentina.

Mosin, no entanto, diz que este é apenas um momento de pausa para o real estate, e que há uma expectativa de que o mercado volte a construir à medida em que o país dê mais sinais de recuperação.

“Não parece que há um estado de emergência no mercado,” ele disse ao Metro Quadrado.

E o número de projetos interrompidos pode gerar um boom de novos estoques quando a economia acelerar, na avaliação de Ignacio Alvarez, coordenador de market research da Cushman & Wakefield na Argentina.

Para Nicolás Borrescio, analista de research da JLL na Argentina, o mercado só está esperando uma “estabilização confiável” do cenário econômico.

“No momento em que o sinal for dado, e houver continuidade em um processo político que seja pró-mercado, o setor estará feito,” ele disse.

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