Chaim quer abrir uma Concept no Arpoador. A Prefeitura tem outras ideias

A Prefeitura do Rio está buscando um terreno na Zona Sul da cidade – mais especificamente em Ipanema ou Leblon – para a construção de uma Escola Concept, do grupo de educação do empresário Chaim Zaher, apurou o Metro Quadrado.
A busca é um esforço para que o empresário desista do imóvel que hoje abriga o Colégio São Paulo, perto da praia do Arpoador, que o município prefere que vire um hotel.
Dono do Grupo SEB, um dos maiores de educação do País, Chaim já fechou um contrato de locação do imóvel com a Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo, que já anunciou que o colégio vai encerrar suas atividades este ano, depois de 103 anos de operação.
O contrato de Chaim é de 20 anos, pode ser estendido por mais 20, e o empresário já antecipou os dois primeiros anos de aluguel.
A gestão do Prefeito Eduardo Paes, no entanto, prefere um hotel no terreno por entender que o ponto é estratégico para o turismo da cidade, com alto potencial de atrair investimentos privados, e considera que há uma escassez de terrenos que limita o aumento da oferta de hospedagem de alto padrão.
Em razão disso, a Prefeitura publicou em julho um decreto que determina que somente empreendimentos hoteleiros e turísticos podem receber novas licenças na área, uma medida válida por seis meses mas que pode ser prorrogada.
O decreto abrange o trecho entre a Rua Francisco Otaviano e as avenidas Rainha Elizabeth, Atlântica e Vieira Souto, onde já operam hotéis como Fairmont, Fasano, Arena Ipanema, Arpoador Hotel e Atlantis Copacabana.
No pós-pandemia, os hotéis do Rio chegam a registrar taxas de ocupação de 98% em períodos de alta temporada, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro.
Com a demanda aquecida, redes internacionais têm voltado a investir na Zona Sul. Além das operações já existentes, estão previstas a reabertura do Sofitel Ipanema — o antigo Caesar Park, adquirido pelo BTG — para 2026, e a estreia do The Tryst Ipanema, que ocupará o prédio do antigo Ipanema Plaza, também com previsão de abertura em 2026.
Paes cogitou desapropriar o Colégio São Paulo para forçar uma venda para um novo hotel, disse uma fonte do mercado. O imóvel tem 3 mil metros quadrados e é avaliado em cerca de R$ 250 milhões.
O grupo que controla a rede de restaurantes Rubaiyat, da família Iglesias, já tentou comprar o terreno da escola para erguer seu primeiro hotel, mas as negociações com as irmãs não avançaram.
“As irmãs já foram abordadas por diversas marcas de hotel querendo pagar quase o triplo do preço, mas elas optaram por dar continuidade para uma escola,” disse uma fonte a par do assunto.
Chaim pretendia iniciar as atividades do novo colégio já em 2026, mas o decreto ameaça adiar a inauguração para 2027, impondo prejuízos ao empresário.
Fontes que acompanham o assunto dizem que Chaim e a Prefeitura mantêm contato frequente sobre o assunto, e que o empresário aceitou que a Prefeitura o ajude a encontrar um outro terreno. Mas se não houver uma solução satisfatória, ele já disse que manterá o plano original.
Uma outra fonte disse que o empresário já visitou pelo menos outros oito prédios na Zona Sul, mas nenhum preenche todos os requisitos de espaço e localização para a marca; com uma mensalidade a partir de R$ 13 mil, a Concept precisa do público de alta renda de Ipanema e Leblon.
A Prefeitura chegou a oferecer um terreno próprio na Rua Bartolomeu Mitre, no Leblon, mas a proposta foi recusada dado o trânsito intenso da região e as dificuldades logísticas para operação de uma escola de grande porte.
O terreno tem restrições de gabarito e tombamento por causa de uma capela localizada em seu interior, o que obriga qualquer projeto futuro a respeitar parâmetros específicos de preservação.
Caso Chaim queira seguir com o terreno do Colégio São Paulo e a Prefeitura tente barrá-lo, o empresário pode se valer de um outro decreto de 2008, que estabelece que os alvarás de licença para escolas têm prazo de validade indeterminado, e portanto o ponto poderia permanecer uma instituição de ensino mesmo mudando de mãos; e do Plano Diretor, que garante que alvarás concedidos antes de mudanças na legislação continuam válidos ainda que o zoneamento da área seja alterado depois.







