Das fábricas aos escritórios: Barra Funda volta a atrair inquilinos corporativos
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A Barra Funda, conhecida por ter sido berço de indústrias no início do século passado, está voltando a ser um destino para as sedes das empresas.
Mas se antes eram os imigrantes italianos que saíam das vilas operárias para bater ponto nas fábricas, agora são os profissionais de escritórios que começam a circular com mais frequência pelo bairro.
O movimento ainda é tímido, mas segundo a Colliers, a Barra Funda concentrou 9% das locações de escritórios fechadas no ano passado, bem acima dos 6,5% de 2023. É o maior share do bairro desde o início da série histórica da consultoria, em 2017.
Com isso, a região saltou da sétima para a quarta posição no ranking de bairros com escritórios mais locados em São Paulo. A taxa de vacância ainda é alta, mas caiu de 36% para 29%.
É claro que a Barra Funda não chega a ter a demanda de regiões premium como a Faria Lima, mas o preço alto nessas áreas mais qualificadas têm levado as empresas a buscar regiões alternativas.
Bairros como a Barra Funda se beneficiam por serem centrais, com ampla oferta de transporte público e serviços, disse Ygor Crispim, o gerente de escritórios da Colliers.
“É uma região que por muitos anos foi ignorada pelo mercado corporativo como sendo inicialmente industrial e posteriormente residencial,” Ygor disse ao Metro Quadrado.
O bairro também tem chamado a atenção na medida em que prédios mais modernos, com especificação técnica muito similar aos de áreas nobres, começam a chegar em resposta à maior procura. O próprio aumento de lançamentos residenciais também ajuda, porque gera moradores que querem estar perto do trabalho.
“Ninguém constrói uma super máquina se não tiver demanda para isso,” disse a diretora de locação de escritórios na JLL, Yara Matsuyama.
Após a pandemia, os bairros mais nobres foram os primeiros a retomar o trabalho presencial. Agora, esse movimento tem sido mais nítido nos chamados bairros alternativos – aqueles mais distantes da Faria Lima. De acordo com dados da JLL, a absorção líquida de escritórios na Barra Funda está positiva há sete trimestres seguidos.
“O maior volume de busca no bairro é de espaços coworking e tecnologia, ou mais focado em prédios monousuários,” disse o corretor Paulo Vilela, que atua na região.
Recentemente, ele fechou um contrato de locação para uma farmacêutica multinacional, a Diasorin, que se mudará para a Av. Francisco Matarazzo, em frente ao Allianz Parque.