GIC e Alianza vão investir R$ 2 bi em data centers

A gestora de ativos imobiliários Alianza atraiu um dos maiores fundos soberanos do mundo para uma joint venture que vai investir em data centers no Brasil.
A Alianza não revela o nome do sócio, mas o Metro Quadrado apurou que se trata do GIC.
O montante que será alocado é de R$ 2 bilhões – a maior parte vindo do GIC, que também será o maior acionista da JV. As duas empresas vão criar um novo fundo apenas para esses investimentos.
Os recursos serão investidos em contratos de sale and leaseback e built-to-suit. E pouco mais da metade do dinheiro já está encaminhado em negociações avançadas, que somam 40 MW de estoque.
“São deals que devemos fechar ainda em 2025,” Fabio Carvalho, um dos sócios da Alianza, disse ao Metro Quadrado.
“Estamos entrando em ativos prontos, em operações de sale and leaseback para expansões, em contratos de longo prazo com as principais operadoras de data center hyperscale do País,” disse Ricardo Madeira, também sócio da Alianza.
A aposta se vale de uma tese de que o Brasil tem potencial para se tornar um dos principais polos de data centers do mundo.
“Temos espaço e uma oferta abundante de energia de boa qualidade e renovável, além de uma boa conectividade, pela estrutura de cabos submarinos,” disse Ricardo.
O Brasil também se beneficia de uma descentralização que o mercado de data centers tem experimentado no mundo após a pandemia, com o avanço das tecnologias de nuvem, 5G e inteligência artificial.
Antes concentrado nos EUA, em especial no estado da Virgínia do Norte, o mercado passou a se espalhar por outras geografias, pela maior necessidade de estar mais perto do usuário final.
O mercado brasileiro, porém, ainda sofre com a falta de uma regulamentação do mercado, o que gera incerteza para investidores. Um dos pontos sensíveis é que os os data centers locais poderão processar dados de empresas estrangeiras.
“E ainda estamos atrasados em termos de capacidade. As empresas estão migrando para a nuvem, acelerando a demanda, mas há um déficit de oferta,” Fabio disse. “Para correr atrás da demanda estimada, o Brasil tem que crescer de sete a 10 vezes até 2030.”
Segundo um estudo da CBRE, o País soma 595 MW de estoque total de data centers e deve adicionar mais 220 MW em 2025.
A Alianza foi uma das primeiras gestoras a investir em data centers no Brasil.
Em 2021, criou o FII Alianza Digital Realty, com o aporte de R$ 50 milhões em um sales and leaseback com a Sky para seu data center em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo.
No final de 2024, alocou mais R$ 120 milhões em outro sale and leaseback, este com a Scala Data Centers, envolvendo uma operação em Porto Alegre, que agora recebeu mais R$ 30 milhões para expansão.
“Enquanto alguns fundos estudam entrar em data center para ser o provider, concorrendo no mercado, nós queremos fornecer funding para que os providers cresçam,” disse Ricardo.
Estes são os dois únicos ativos de data centers da Alianza. A gestora não descarta que os ativos do novo fundo com o GIC sejam integrados no futuro ao Alianza Digital.