Grupo português de short stay chega a SP com turismo corporativo na mira

Grupo português de short stay chega a SP com turismo corporativo na mira
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O Grupo Feel — holding do setor de hospitalidade com origem em Portugal — escolheu São Paulo para iniciar sua expansão internacional, de olho no potencial do mercado de short stay na capital paulista, principalmente pela demanda de turismo corporativo.

O grupo desembarcou na cidade ao assumir a gestão de um edifício na região da Avenida Paulista e quer adicionar ao menos outros três prédios até o primeiro semestre de 2026. O objetivo é alcançar a marca de 200 unidades para locação nesta primeira etapa.

“Não fechamos as portas para crescer mais porque o mercado de São Paulo é muitíssimo dinâmico, mas estamos habituados a fazer um caminho de consolidação operacional primeiro,” Nuno Trigo, co-CEO e um dos fundadores do Grupo Feel, disse ao Metro Quadrado.

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Os planos para a internacionalização da marca começaram a ser discutidos ainda em 2019. Além de São Paulo, o grupo analisou cidades como Miami, Rio de Janeiro, Londres e outras capitais europeias.

Na hora decisão, pesou a concorrência menor no mercado de short stay da capital paulista, que tem poucos players relevantes – como o Charlie, uma investida da Cyrela – e é mais pulverizado na comparação com as rivais na Europa e nos Estados Unidos.

“São Paulo também se adapta bem ao modelo de turismo corporativo e de negócios que apostamos bastante em Portugal,” ele disse.

A holding hoje é dona do maior operador short stay da região do Porto e começou a avançar também sobre o mercado de Lisboa. Por lá, o grupo aposta na oferta integrada de hospedagem e serviços de mobilidade terrestre, passeios e coworking para atrair os turistas.

Aqui, por enquanto, o modelo é puramente de locação dos imóveis, mas vai se tornar mais integrado nos próximos edifícios, que também devem oferecer os serviços de coworking e espaços para eventos, entre outras comodidades.

Batizada de Feel Sampa, a operação paulistana decidiu se concentrar em dois eixos que mais atraem quem vem à cidade fazer negócios: os bairros no entorno da Paulista – como Cerqueira César, Paraíso, Jardins e Vila Mariana – e da Avenida Faria Lima, incluindo Vila Olímpia, Brooklin e Moema.

A empresa quer operar apenas em edifícios 100% voltados à locação, mas sem investir diretamente em real estate, apoiando-se em um grupo de investidores internacionais que já conhecem o negócio para fornecer o capital para bancar a aquisição dos imóveis.

“Participamos em toda a fase processual e toda a fase de decisão do destino do imóvel. Mas a nossa lógica é nunca misturar a exploração com a detenção do ativo imobiliário.”

Por aqui, o grupo tinha o mandato para buscar um pipeline de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões em investimentos e tentou abordar incorporadoras locais com um modelo parecido com o utilizado na Europa, no qual os investidores compram 50% dos imóvel e as companhias partilham o risco restante.

“Mas percebemos que o mercado de incorporação hoje no Brasil está muito baseado num modelo de liquidez quase instantânea de adquirir terrenos, desenvolver projetos, construir e vender, então tivemos que nos adaptar”.

Por isso ainda não houve a compra de ativos no País, e o primeiro edifício para operação brasileira do grupo foi garantido em uma operação de locação e sublocação assessorada por uma boutique de consultoria imobiliária local chamada Olímpia Corp. O prédio pertence a um patrimonialista que geria a locação de maneira mais informal.

“A princípio ele queria vender o imóvel, mas entendeu que locar 100% dele de uma vez só poderia criar um upside para negociá-lo com uma rentabilidade muito maior no futuro,” disse Sérgio Ortiz, um dos sócios da consultoria.

Além de auxiliar na prospecção de outros imóveis, a Olímpia tem ajudado a buscar capital estrangeiro para potenciais aquisições, segundo o outro sócio da consultoria, João Amado.

“Em um horizonte de três anos em que o Grupo Feel pretende atrair capital imobiliário para o negócio, facilmente conseguimos alocar de R$ 100 milhões a R$ 300 milhões, é uma questão de acertar o timing entre a entrada desses investidores no negócio e o amadurecimento do pipeline.”

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