‘Não temos limite de recurso para retrofit,’ diz Caixa

O retrofit virou uma prioridade para a Caixa Econômica Federal.
O banco lançou há meses uma nova linha de financiamento para a reforma de prédios antigos, degradados ou ociosos, e diz que a modalidade pode assumir a maior fatia do total financiado para habitação.
“Não temos limitação de recursos para isso. E se tivermos que priorizar, vamos priorizar esse tipo de imóvel,” Roberto Carlos Ceratto, o diretor de Habitação do banco, disse ao Metro Quadrado. “Estamos no início de uma caminhada e acredito que esse possa virar o principal destino dos recursos.”

O banco não revela o quanto já destinou para a categoria ou qual a sua projeção para os próximos anos, mas as suas maiores linhas de habitação hoje são as de financiamento à pessoa física, que somaram R$ 106,7 bilhões em crédito no primeiro semestre.
Com os retrofits, a Caixa espera acelerar a diminuição do déficit habitacional do País por meio da reocupação dos centros das grandes cidades.
Além de financiar a compra dos edifícios antigos, há ainda a possibilidade de o banco destinar recursos a empresas que já são donas de imóveis e querem promover benfeitorias.
Há por enquanto 41 projetos no pipeline, entre empreendimentos contratados ou já em andamento em seis estados brasileiros.
A maior parte deles vai receber recursos do FAR, o fundo de arrendamento residencial operado pela Caixa e voltado para o Minha Casa Minha Vida. E há outros nove incluídos na linha destinada a projetos convencionais de mercado.
Mas como o retrofit ainda é um nicho restrito a players menores e especializados, o banco oferece estímulos para atrair mais empreendedores.
Nos imóveis do FAR que atendem famílias indicadas pelas prefeituras, por exemplo, o teto de preço cobrado pelo incorporador pode subir em até 40% — passando de R$ 180,5 mil em moradias novas para até R$ 252,7 mil nas retrofitadas.
Outro incentivo é a antecipação de recursos, que é limitada a 10% no financiamento tradicional, mas pode chegar aos 50% para retrofits.
“O setor trouxe para nós a necessidade de um investimento grande no início, pois os reparos podem gerar mais desembolso do que a produção,” disse Ceratto.
Apesar de defender o retrofit como um meio de devolver vida a áreas abandonadas, Ceratto reconhece que há desafios para que as empresas fechem a conta, especialmente dos pontos de vista regulatório e jurídico.
“Há às vezes a questão de dívidas, imbróglios judiciais que precisam ser desenrolados e o coeficiente de aproveitamento que as prefeituras permitem, então tem que haver um interesse público para fomentar também com seus incentivos.”
Já existem programas municipais em curso em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador, por exemplo, mas o diretor diz que esses movimentos ainda são pequenos.
Outro entrave são as limitações para adaptar edifícios construídos sob normas antigas para cumprir exigências atuais das normas construtivas e programas habitacionais.
O próprio MCMV, por exemplo, tem regras de metragem mínima que podem inviabilizar a requalificação.
Mas Ceratto diz que, no caso do FAR, já é possível flexibilizar itens como a área mínima, quantidade e dimensões dos cômodos, desde que as medidas sejam justificadas e autorizadas pela Caixa.







