Como o Fed pode salvar os imóveis comerciais

O começo do ciclo de cortes do Fed pode ser o impulso que faltava para a retomada do mercado de imóveis comerciais nos Estados Unidos.
Desde o início do último ciclo de alta, em 2022, os ativos comerciais perderam mais de 20% do valor, e as vendas despencaram, informou o The Wall Street Journal.
De 2021 para cá, o volume de transações caiu de US$ 798 bilhões para US$ 247 bilhões este ano – uma queda de quase 70%.
A redução de 0,25 ponto anunciada na semana passada dá algum fôlego às companhias americanas – que operam com níveis de alavancagem muito mais altos que no Brasil.
“O mercado basicamente congelou durante boa parte de 2023, tentando descobrir como reprecificar os imóveis. O ciclo de flexibilização será um grande alívio,” Hessam Nadji, o CEO da imobiliária Marcus & Millichap, disse ao WSJ.
Após o corte, a CBRE revisou suas projeções: o volume de investimentos imobiliários deve subir 15% este ano, contra uma estimativa anterior de 10%.
Segundo a consultoria, o setor deve crescer de forma moderada até 2026. “Esperamos mais dois cortes nas taxas este ano, reduzindo a taxa para 3,50% a 3,75%,” escreveu a CBRE em relatório.
A expectativa é que a continuidade do ciclo mais do que compense a pressão da inflação e os sinais de desaceleração no mercado de trabalho.
A queda dos juros também pode atrair investidores brasileiros interessados em dolarizar patrimônio, ou ampliar os investimentos já existentes nos EUA.
Outro fato que pode catapultar os investimentos brasileiros no mercado imobiliário americano é a recente desvalorização do dólar, que nos últimos seis meses caiu 16% frente ao real.
Para Ricardo Costa, sócio e head da operação americana da RBR Asset, no cenário atual, mesmo novos investidores — que buscam dolarizar o patrimônio — ainda têm chances de aproveitar a janela de oportunidade gerada pela queda de juros e câmbio mais favorável.
Ele diz que com preços represados e maior liquidez no mercado, os investidores nacionais poderão aproveitar tanto o momento para compras – hoje com ativos ainda descontados – e quanto revenda desses imóveis em breve, garantindo um upside relevante para as carteiras.
“Nós ainda temos uma janela de compra interessante, mas com taxa de juros baixa e perene, haverá uma boa janela para vender ativos numa velocidade maior e a múltiplos muito interessantes,” ele diz.