Os escritórios nunca estiveram tão pré-locados em SP

As grandes empresas que estão buscando um novo escritório em São Paulo precisam correr.
Segundo a CBRE, além da taxa de vacância ter caído para o menor patamar em cinco anos (16,7%), o nível de pré-locação entre os prédios que serão entregues em 2026 já chega a um terço da área total estimada – ou 100 mil metros quadrados de cerca de 300 mil m² de novo estoque previsto.
Este é com folga o maior volume de pré-locação em escritórios já registrado em São Paulo entre um ano e outro, segundo a consultoria. Entre 2010 e 2025, a média anual ficou em 38 mil m².
Com a demanda em alta, os incorporadores estão acelerando o passo para dar conta: o novo estoque previsto para 2026 representa o dobro do que se entregou em 2025.
Mas o ritmo de expansão ainda é baixo. A entrega estimada para o ano que vem representa um avanço de apenas 2,6% em relação ao estoque existente – a metade do que se tinha de crescimento 10 anos atrás.
A insuficiência de novos projetos é um resquício da pandemia.
Com os juros altos, boa parte dos investidores de real estate assumiu uma postura mais seletiva na alocação de capital, preferindo apostar nos galpões logísticos (impulsionados pelo ecommerce), em vez dos escritórios, que ainda estão se readaptando ao gradual retorno das empresas ao modelo presencial.
Na visão da CBRE, há outros dois complicadores: o atual Plano Diretor de São Paulo inibiu a construção de prédios empresariais, que passaram a ser erguidos em terrenos menores e com menos altura, ao mesmo tempo em que as empresas cresceram, demandando mais espaço.
“Antes, várias empresas alugavam espaço em um prédio de 50 mil m². Agora, uma só pode pegar tudo. E os novos prédios estão chegando ao mercado com 10 mil m² a 15 mil m²,” disse Felipe Giuliano, o diretor de locação da CBRE no Brasil.
Um dos destaques da cidade é a Av. Paulista, que tem atraído empresas que já não topam pagar os altos valores das áreas mais nobres da cidade, como a Faria Lima, e também estão preferindo estar em regiões com mais oferta de transporte, para facilitar a atração dos funcionários para o modelo presencial.
A taxa de vacância na avenida caiu 31 pontos percentuais entre os prédios triple A em 2025, para 5,8% – uma diminuição significativa que também ocorreu em razão da baixa oferta.
Giuliano diz que outras partes do País também estão enfrentando a mesma combinação de plano diretor restritivo com aumento das empresas.
Tanto que há três regiões com taxa de vacância de 15% ou menos (Nordeste, Sul e Centro-Oeste), indicando falta de espaço.
“Em BH, por exemplo, a carência de imóveis classe A é muito grande. Se uma empresa quer 10 mil m², vai ter dificuldade, e pode ser melhor pensar em fazer um BTS,” disse Giuliano.







