Quem vai trabalhar no (novo) King Kong?

Ele já foi chamado de King Kong e Idi Amin Dada. Agora, o antigo edifício-sede do Unibanco em São Paulo acaba de mudar de mãos e vai passar por um grande retrofit para ser colocado para locação.
O Itaú vendeu o prédio icônico para a gestora de ativos imobiliários Central Capital, que está desembolsando cerca de R$ 300 milhões no projeto, entre a aquisição e uma reforma que tornará o ativo triple-A.
Inaugurado em 1975 – o ano em que o Unibanco assumiu esse nome após uma série de aquisições – o edifício fica na esquina da Avenida Eusébio Matoso com a Marginal Pinheiros, vizinho ao Shopping Eldorado e com vista para o Jockey Club.
De estilo minimalista, foi projetado por Salvador Candia, um dos grandes arquitetos brasileiros do século XX.
Candia desenhou a fachada oeste com brises venezianas, recurso para amenizar o calor e o excesso de luz, e o prédio foi conhecido por muitos anos por desejar feliz ano novo aos paulistanos (a mensagem era desenhada nas venezianas) e por ter um relógio digital no terraço, indicando as horas e a temperatura da cidade.
Depois que o banco da família Moreira Salles se fundiu com o Itaú em 2008, o edifício chegou a ser usado pelos funcionários da Rede, a empresa de adquirência do banco.
O imóvel está sem operar desde a pandemia e foi colocado à venda como parte de uma estratégia de desmobilização de ativos do Itaú. As negociações com a Central duraram um ano.
A gestora acredita que o prédio, localizado a menos de um quilômetro da Faria Lima, deve atrair a demanda de empresas que já não encontram mais espaço na avenida que abriga o centro financeiro de São Paulo.
“Aqueles que estão no entorno imediato da Faria Lima serão os primeiros a se beneficiar desse transbordamento,” o fundador da Central, Thiago Costa, disse ao Metro Quadrado.
Entre os atrativos do prédio está a proximidade com dois shoppings – o próprio Eldorado e o Iguatemi – bem como a oferta de transporte público: uma estação de trem e metrô ao lado, e um terminal de ônibus a cerca de um quilômetro.
Thiago não descarta que o prédio vá para um inquilino monousuário e disse que está em conversas com duas instituições financeiras. O imóvel tem 25 mil metros quadrados de área privativa.
Para o projeto de reforma do edifício, a gestora contratou a Metro Arquitetos, de Martin Corullon e Gustavo Cedroni, que assinam o novo prédio do Masp na Paulista. E o developer do prédio será a Planta Inc, de Guil Blanche.
O projeto ainda está em discussão, mas a intenção é rechear o edifício com amenidades como piscina, academia e um rooftop para eventos. Uma das possibilidades é ter um hotel no topo.
“O fato de o prédio já ter sido de um banco facilita a reforma, porque a estrutura já tem muita coisa embarcada,” disse Thiago. “Queremos que este prédio se transforme num novo landmark na paisagem de São Paulo.”
Se fechar com um monousuário, a Central está disposta a mexer no projeto para adequá-lo a possíveis preferências do inquilino.
Este é o terceiro prédio corporativo do portfólio da Central e o segundo em São Paulo. Os outros dois são um triple-A em Ipanema e um na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, ambos em obras. A gestora tem 13 ativos no total, incluindo residenciais e galpões.