Ipanema Plaza vai a leilão ainda este ano

Ipanema Plaza vai a leilão ainda este ano
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A Prefeitura do Rio pretende realizar até o fim do ano o leilão do antigo Hotel Ipanema Plaza.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, a ideia é atrair um novo investidor para ocupar o imóvel e reativar um equipamento hoteleiro considerado estratégico na Zona Sul carioca. 

Embora o zoneamento permita usos variados para o terreno, o edital do leilão deve restringir o imóvel para que permaneça como um hotel, mesmo no caso de demolição e construção de um novo edifício no lugar. 

“Ipanema vem tendo um grande avanço no número de empreendimentos residenciais novos, fruto do incentivo do Reviver Centro. Não nos parece caber ou ser importante fazer mais incentivos para residenciais,” Osmar disse ao Metro Quadrado.

Osmar Lima ok 1

“E nós temos um hotel pronto e desativado há muito tempo. Por que não trazer o hotel de volta? Hotéis são equipamentos importantes para a cidade, ainda mais em uma área turística como Ipanema.”

Nos últimos anos, o setor hoteleiro carioca tem enfrentado o fechamento de vários empreendimentos, reflexo de um ciclo de excesso de oferta e dificuldades operacionais. 

O Hotel Marina, conhecido como Marinão, por exemplo, está fechado desde 2017. 

O antigo Caesar Park, adquirido pelo BTG no ano passado, estava com as obras paralisadas desde 2019. 

Já o Praia Ipanema Hotel encerrou suas atividades após a venda para a Gafisa em 2023.

Ainda assim, há investidores que veem oportunidades na cidade. 

A retomada do turismo, puxada pelo real depreciado e pela melhora na malha aérea, após o reequilíbrio das operações no Aeroporto Santos Dumont, tem impulsionado as diárias e a ocupação. 

“O Rio está passando por um turning point no turismo de lazer. As diárias têm aumentado, e os hotéis comprados abaixo do valor de reposição estão se mostrando bons negócios,” disse um gestor de real estate.

Reabrir um hotel em Ipanema, no entanto, não é garantia de sucesso, disse um outro investidor do setor.

“Tem bons exemplos, como o Fasano e o Fairmont, que operam com resultados excepcionais, mas também há casos notórios de dificuldades. O Hotel Janeiro, por exemplo, tem localização privilegiada e mesmo assim não está indo bem, aparentemente por problemas de gestão,” disse.

Para ele, o ideal seria permitir que o mercado definisse o uso do imóvel, sem impor o modelo hoteleiro. 

“Hoje, produtos como residencial com serviços ou multifamily são muito mais rentáveis e mais eficientes em termos operacionais. O mercado está se ajustando para esse tipo de solução, e impor que ali seja um hotel pode limitar as possibilidades de viabilização,” disse.

Um exemplo disso é o antigo Everest Park Hotel, que também fica em Ipanema e recentemente foi vendido pela Accor para a SIG Engenharia, que pretende transformá-lo em um residencial de estúdios de luxo.

O Ipanema Plaza, que tem 140 apartamentos e chegou a ser operado pela Golden Tulip, encerrou suas atividades em 2017 após uma briga entre sócios.

O imóvel está em uma localização privilegiada na Rua Farme de Amoedo, a uma quadra da praia, e vinha sendo ocupado por pessoas em situação de rua, o que gerou reclamações de moradores do entorno.

A última tentativa de venda do hotel envolveu uma proposta de R$ 80 milhões feita por um grupo chinês em 2023 — uma forte desvalorização do ativo, que já havia sido avaliado em cerca de R$ 200 milhões.

Uma nova avaliação está sendo finalizada para servir como base para o valor mínimo no leilão.

Além do Ipanema Plaza, a Prefeitura do Rio também pretende leiloar outros 16 imóveis ainda neste ano, todos identificados como subutilizados ou abandonados, no Centro da cidade.

Esses ativos fazem parte do programa Reviver Centro e do Reviver Patrimônio Pro-APAC, que visam reativar imóveis ociosos com potencial de uso comercial, cultural ou habitacional.

Embora o hotel de Ipanema não esteja incluído formalmente nesses programas, o imóvel foi desapropriado com base no mesmo instrumento jurídico — a hasta pública.

“Nós estamos demonstrando que temos um instrumento e estamos disposto a utilizá-lo sempre que encontrarmos um imóvel que não esteja cumprindo sua função social,” disse Osmar.

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