Slaviero dobra rede de hotéis em 10 anos — e quer acelerar

Foi-se o tempo em que a Slaviero era uma operadora hoteleira regional, restrita à região Sul.
Nos últimos 10 anos, a recém-rebatizada Slaviero Hospitalidade dobrou o número de hotéis em operação com suas bandeiras — de 20 para 39 (mais quatro em construção) — e chegou a todas as regiões do Brasil, alcançando uma receita de R$ 405 milhões em 2024.
Assim, fechou o ano como a décima maior marca hoteleira em operação no País, com cerca de 4,3 mil apartamentos administrados, mostram dados da JLL. Hoje já são 5 mil, incluindo a operação de short-term rentals UmQuarto.
A janela de crescimento acelerado da empresa — que espera faturar US$ 450 milhões este ano e US$ 550 milhões em 2026 — está apenas começando.
“Queremos crescer mais rápido nos próximos cinco a 10 anos. Se eu conseguir abrir cinco hotéis por ano, vou estar feliz,” o CEO Eduardo Slaviero Campos disse ao Metro Quadrado.
A Slaviero nasceu em 1981 com um hotel fundado em Curitiba pelo pai de Eduardo e que leva o sobrenome de sua mãe.
O filho trabalhou no negócio desde cedo, conheceu todas as áreas de atuação e desenvolveu o primeiro projeto de administração hoteleira da empresa, que vem sendo aprimorado nos últimos 25 anos.
Eduardo prefere não falar sobre a origem familiar da Slaviero, já que trabalhou para profissionalizar a empresa, mas há quem diga no mercado que essa foi a base para os feitos da hoteleira.
“A Slaviero conseguiu algo difícil: eles começaram do zero, com a barriga no balcão, e cresceram de forma orgânica, mantendo um elevado padrão de qualidade em todos os hotéis da marca,” disse um experiente executivo do setor.
“O paranaense é um cara metódico, sistemático, e isso é um traço da Slaviero. Eles nunca deram um passo maior do que a perna e construíram um legado importante. Não é fácil fazer 40 hotéis no Brasil.”
Com as operações inicialmente concentradas no Paraná e em Santa Catarina, a empresa está hoje presente em 28 cidades de 12 estados e se prepara para novas aberturas nos próximos meses em Foz do Iguaçu, Campo Grande, Palmas e Ribeirão Preto.
“Queremos crescer no País todo e estar nas capitais, onde há muito espaço para prospecção de hotéis em operação. Ainda não estamos em praças como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador e acabamos de chegar a Porto Alegre,” disse Eduardo.
O hotel na capital gaúcha, que até 31 de julho funcionava sob a bandeira da Quality, é um exemplo de conversão da Slaviero, que também trabalha em projetos greenfield junto a uma série de investidores imobiliários.
A Slaviero acredita que esse modelo asset light de gestão hoteleira — em que é contratada para levar sua marca e operar os empreendimentos — é o mais adequado para manter um ritmo acelerado de crescimento. A empresa busca sempre contratos de 10 anos, mas possui parcerias vigentes há 25.
“Cada hotel tem demandas específicas, e nosso diferencial é administrá-los conforme as necessidades do investidor. As redes internacionais são muito rígidas em relação a isso, enquanto nós buscamos ter soluções para todo o setor de hospitalidade,” afirma Eduardo.
A empresa tem três marcas atualmente: a Slaviero Hotéis (flagship), a Slim (midscale) e a BY SLAVIERO HOTÉIS, que inclui hotéis temáticos, de luxo ou lazer.
Já no segmento de short-term rental, a empresa atua desde 2021 com a UmQuarto, uma plataforma de gestão operacional e financeira para locações de curto e médio prazo. Hoje são mais de 200 imóveis administrados.
“O ticket médio é menor que o do hotel, já que não há serviços adicionais como o café da manhã, mas é um segmento que cresce muito e que estamos investindo,” disse Eduardo.
Um executivo do setor concorda que a modalidade de short-term rental está fazendo barulho e ganhando mercado, “só que é outro bicho”.
“Uma chave que não é entregue na hora pode destruir sua reputação, algo que a Slaviero lutou para construir nas últimas décadas. Se eu pudesse falar com o CEO, diria para focar em hotéis,” disse.
Mas o que preocupa Eduardo é uma possível janela de superoferta desse tipo de produto nos próximos anos, nomeadamente em São Paulo e Curitiba.
“Isso pode causar um problema imobiliário nessas cidades e impactar a hotelaria como um todo.”
Por ora, no entanto, não há do que reclamar.
Depois de anos de crise, o mercado hoteleiro brasileiro está evoluindo em termos de ocupação, diárias médias e consumo nos hotéis.
Com a volta do capital institucional (gigantes como BTG, HSI, Brookfield, Kinea e XP estão ativas no mercado) e após um gap de investimentos durante a pandemia, espera-se que o setor tenha um longo ciclo positivo à frente.
“As métricas estão melhorando,” disse Eduardo. “Queremos acelerar nosso crescimento e estamos avaliando entrar em outras áreas, como branded residences e multipropriedade.”