Xô, cubículo! No pós-pandemia, o escritório CRESCEU

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Passado algum tempo desde a pandemia, as empresas ainda veem uma herança deixada pelos anos em isolamento: as pessoas não querem mais sair de casa para trabalhar em lugares com estações de trabalho tão apertadas quanto as de um call center.

O resultado disso é que as companhias têm cada vez mais apostado em escritórios menos adensados. Segundo dados da CBRE, o tamanho médio que está sendo exigido nas novas locações subiu de sete metros quadrados por estação de trabalho para algo entre 10 e 12. “Chegamos ao nível do padrão americano,” diz Felipe Giuliano, diretor de locação, brokerage, saúde e pesquisa da CBRE.

Agora, os novos espaços alugados já passam de 6 mil m², após anos de domínio de locações menores. Em São Paulo, a absorção bruta de escritórios atingiu 873 mil m² no último trimestre 2024, o segundo maior volume histórico para o período, atrás apenas dos 900 mil m² anotados em 2017.

Depois de muitas empresas terem abandonados seus antigos escritórios na pandemia, algumas voltaram ao modelo presencial já buscando áreas maiores, uma preferência que é fruto das diferentes fases da pandemia.

No início, a obrigação de ficar em casa aumentou a eficiência e a produtividade, elevando também o quadro de funcionários.

No momento em que já não era mais necessário o isolamento e os comércios e serviços foram voltando, a produtividade em casa passou a cair, impulsionando o retorno aos escritórios, que agora deveriam ser maiores para dar conta do aumento da equipe.

No entanto, quando as pessoas começaram a questionar por que voltariam se era possível fazer tudo de maneira virtual, com o bônus da própria casa, as empresas viram que teriam também de buscar layouts mais convidativos para os escritórios.

Com isso, o que antes só era visto em empresas mais joviais de tecnologia, como o Google, ou em espaços de coworking que buscam criar ambientes abertos, como o WeWork, já pode ser observado em negócios de perfil mais tradicional.

No caso da própria CBRE, a empresa apostou em mais espaço individual, além de locais com puffes, salas de reunião mais agradáveis, mesas ergonômicas, área de coffee break, estúdios, e uma sala de TV que permite visitar prédios, terrenos e imóveis sem sair do lugar.

“A densidade também diminui por questões sanitárias, já que não dá para deixar mais todo mundo grudado. Ao mesmo tempo, as pessoas precisam ter prazer em ir para o escritório,” disse. 

Mariana Hanania, diretora de pesquisa e inteligência de mercado da Newmark, pondera que a tendência de menos adensamento não necessariamente significa escritórios maiores.

Companhias que optaram pelo modelo híbrido podem ter sedes menores e mesmo assim entregar mais espaço por estação de trabalho para o time. Foi o que fez a Dow, do setor químico, que se mudou para um escritório 50% menor. “Eles investiram mais em áreas colaborativas do que tinham no espaço antigo,” ela disse.

Ricardo Matsuda, head de project and construction management da Newmark, emenda: “Hoje, o profissional vai ao escritório não para fazer um trabalho focado. O trabalho focado ele consegue fazer de casa. É o trabalho colaborativo que é feito no escritório.”

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