XP compra pacote de imóveis para entrar em renda urbana

XP compra pacote de imóveis para entrar em renda urbana
|

A XP Asset está realizando um sonho antigo: ter um portfólio de renda urbana para chamar de seu.

A gestora criou o seu primeiro fundo imobiliário dedicado à categoria, o XP Renda Imobiliária, e deve assinar nos próximos dias a primeira leva de aquisições: um pacote de dez imóveis locados ao GPA e ao Grupo Mateus, num acerto que pode chegar a R$ 485,5 milhões. 

A compra inclui também um galpão logístico locado à BRF que elevará o valor total do negócio para perto dos R$ 771 milhões.

O vendedor dos imóveis é outro FII, o Guardian Real Estate (GARE11), que pelo acordo terá 15% do novo FII da XP e poderá se beneficiar caso a nova dona revenda os ativos ao final do prazo de cinco anos do fundo.

A XP resolveu entrar em renda urbana por ter uma visão positiva para o varejo  — mesmo diante dos juros elevados — em razão da experiência que já tem no mercado de shoppings.

“A equipe de gestão do novo fundo é a mesma que cuida do XP Malls, então temos bastante acesso à performance geral do varejo, em diferentes nichos e para diferentes públicos,” Felipe Teatini, o gestor do XP Renda Imobiliária, disse ao Metro Quadrado.

08 13 Felipe Teatini ok

“Os resultados do segundo trimestre de grandes redes varejistas mostram esse cenário positivo,” disse Teatini, que afirma que o próximo ciclo de queda da Selic previsto para 2026 deve melhorar ainda mais o quadro.

Ao adquirir o pacote de imóveis da GARE11, a XP entra na renda urbana em posição para competir com grandes players do segmento, como os fundos do Patria (HGRU11), TRX (TRXF11) e Rio Bravo (RBVA11).

“O que dificultou muito outros negócios no passado é que esses FIIs já existiam e podiam ser mais agressivos em preço, condições de financiamento e de endividamento.”

Com um fundo já operacional e dono de um portfólio significativo, a gestora acredita que será possível competir por ativos de FIIs em reciclagem ou de grandes redes em pé de igualdade.

A asset discute outras potenciais aquisições que somam de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão.

“A ideia da XP é sempre fazer negócios que sejam maiores que R$ 500 milhões para que faça sentido o esforço de captação do time.”

O foco, por enquanto, está em concluir a transação dos imóveis do GARE11, que atraíram a asset principalmente pelos locatários, com risco de crédito considerado sólido, diversificação regional e prazo de duração dos contratos, que são atípicos.

Metade da receita vem dos aluguéis de supermercados. Quatro deles estão locados ao GPA — três com vencimento em 2038 e outro em 2041. Os outros seis imóveis são ocupados pelo Grupo Mateus e a locação vence apenas em 2047.

“Esses contratos trazem robustez para a receita imobiliária e previsibilidade desse fluxo de pagamento de aluguéis.”

Os outros 50% da receita vem de um galpão logístico refrigerado da BRF em Salvador cuja locação vence ao final de 2027.

A expectativa é que o contrato seja renovado ou firmado com outro inquilino.

Já o GARE11 decidiu vender os ativos e fazer a reciclagem do portfólio para levantar capital e aproveitar oportunidades no mercado de renda urbana geradas pelos juros altos e a dificuldade de captação dos fundos, segundo uma fonte a par do assunto.

“O dinheiro está mais escasso. Quem desenvolveu lojas pensando em vender para fundos e calculou o prazo de venda errado está apertado agora,” disse a fonte.

A venda gerará um lucro de R$ 135 milhões a R$ 156 milhões para o FII – e vai ajudar a reduzir a alavancagem financeira do fundo, hoje no patamar de 27% em relação aos ativos.

Para pagar pela aquisição, o XP Renda Imobiliária captou R$ 347,7 milhões, abaixo do valor do acordo.

O restante será parcelado em um prazo de 24 a 60 meses, e a XP pretende alavancar o fundo em cerca de 12% a 15% do patrimônio líquido para fazer frente ao saldo remanescente.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir