No pós-balanço, Tenda dispara e MRV despenca

As ações de duas das maiores incorporadoras do Minha Casa Minha Vida vivem pregões muito diferentes nesta sexta-feira.
Enquanto as ações da Tenda (TEND3) saltavam mais de 12% por volta das 12h15, cotadas em R$ 19,27, os papéis da MRV (MRVE3) chegaram a cair mais de 10% pela manhã e ainda recuavam 7,4% no mesmo horário, a R$ 5,69.
Ambas as performances são uma reação do mercado aos balanços divulgados ontem.
O mercado considerou que a Tenda fez um bom trabalho no primeiro trimestre. O lucro líquido da companhia saltou mais de 19 vezes ante o mesmo período do ano passado, para R$ 85,5 milhões.
Já a receita líquida avançou 16,2% na mesma base de comparação, alcançando os R$ 865,2 milhões.
Para a XP, a performance da companhia atendeu as expectativas mais otimistas e pode levar a revisões nas projeções financeiras do restante do ano.
A corretora recomenda compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 17,00.
“Os níveis de margem bruta ajustada do segmento Tenda já excedem o guidance e, com um cenário otimista para o crescimento operacional neste ano, podem desencadear revisões de lucros no futuro.”
O BTG Pactual também analisou o balanço e destacou que a Alea, a marca de casas pré-fabricadas da companhia, está crescendo conforme o esperado.
Apesar de ainda queimar caixa, a expectativa é que a operação atinja um ponto de equilíbrio em poucos trimestres.
O banco também recomenda compra para as ações da Tenda, com preço-alvo de R$ 22,00.
Já os números da MRV ficaram abaixo das projeções. A holding registrou um prejuízo consolidado de R$ 358,8 milhões no primeiro trimestre, superior à perda de R$ 249,8 milhões no trimestre anterior.
Segundo o CFO Ricardo Paixão, a piora é fruto da taxa de juros mais elevada e efeitos extraordinários como um equity swap, marcação a mercado das dívidas e swap de fluxo de caixa.
O Itaú BBA, por outro lado, coloca a maior parte da culpa na Resia, a subsidiária da companhia nos Estados Unidos.
O banco de investimentos ressaltou que a operação teve um prejuízo de R$ 280 milhões causado por um impairment na venda de um ativo.
A MRV tem executado um plano para desalavancar a subsidiária por meio da venda de US$ 800 milhões em ativos.
Mas a venda mais recente, do empreendimento Dallas West no início de maio, foi realizada com um resultado bruto negativo de US$ 22 milhões.
Do lado positivo do balanço, o BBA afirmou que a margem bruta ajustada foi de 28,8% no trimestre, em linha com as expectativas do consenso de mercado e levemente acima das projeções do banco.
Os analistas afirmam que, embora uma reação negativa do mercado já fosse esperada, é importante relembrar que a MRV é a segunda ação mais shorteada do mercado e negocia com desconto.
“Acreditamos que isso torna as ações mais correlacionadas às oscilações do sentimento macro do que ao desempenho micro.” O BBA recomenda compra para a MRV, com preço-alvo de R$ 6,50.