A grande consolidação do mercado de ‘brokerage’ dos EUA

A grande consolidação do mercado de ‘brokerage’ dos EUA
|

Os americanos não estão comprando casas, e isso está desencadeando uma consolidação da historicamente fragmentada indústria de corretagem do país.

A Compass — a maior corretora residencial dos EUA em volume de vendas — anunciou nesta semana a compra da vice-líder Anywhere Real Estate, criando uma empresa com um enterprise value de cerca de US$ 10 bilhões e quase 20% de share do mercado americano, disse a revista Barron’s.

A Compass se comprometeu a pagar 1,436 ação por papel da Anywhere — um generoso prêmio de 84% em relação ao preço de tela; e também vai assumir a dívida de US$ 2,6 bilhões da Anywhere.

A ação da Compass recua 16% desde o anúncio, para US$ 7,93, mas tem ganhos de 28% nos últimos 12 meses. Já o papel da Anywhere sobe 47% na semana, para US$ 10,41, e 99% em um ano.

Após a conclusão do negócio, prevista para o segundo semestre de 2026, os acionistas da Compass serão donos de 78% da nova empresa. Robert Reffkin seguirá como CEO.

O mercado imobiliário residencial é estruturalmente fragmentado nos EUA, com mais de 100 mil imobiliárias em atividade e foco regional.

Nos últimos anos, no entanto, as altas dos juros e das taxas de hipoteca afetaram as vendas e obrigaram muitas empresas pequenas a venderem seus negócios para concorrentes de maior porte.

Na ponta compradora está a Compass, que alcançou o posto de líder de vendas (US$ 217 bi em 2024) no país enfileirando aquisições.

A corretora — conhecida pela utilização de tecnologia no negócio e por seus anúncios exclusivos — já fez cerca de 30 M&As desde sua fundação em 2012, tendo comprado a Christie’s e a @properties no ano passado por US$ 444 milhões.

Apesar do extenso track record, o deal desta semana será o maior e mais representativo da história da Compass. A Anywhere, que fez US$ 184 bilhões em vendas no passado, é dona de algumas das marcas mais icônicas do setor, como Coldwell Banker, Corcoran, Century 21 e Sotheby’s.

O acordo criará uma empresa com 340 mil corretores (incluindo franqueados), disseram as empresas, e permitirá à Compass expandir seu alcance internacional e ganhar exposição aos negócios de seguros, registro de imóveis, liquidação e realocação da Anywhere.

Com isso, a Compass também busca se posicionar como uma one stop shop, uma interface única que consegue atender várias demandas de compradores e vendedores, em linha com outras movimentações vistas no mercado recentemente.

Um exemplo disso é a Rocket, uma empresa de originação de hipotecas, que comprou recentemente a administradora de hipotecas Mr. Cooper, por US$ 9,4 bilhões, e a corretora Redfin, por US$ 1,8 bi.

Em um mercado ruim para vendas mas bom para M&As, a Douglas Elliman está barata — seu múltiplo price/sales está em 0,2x, bem abaixo dos 0,7x da Compass — e pode ser a próxima corretora a ser adquirida, disse a Barron’s.

Com forte presença nos mercados de luxo de Nova York e da Flórida, a empresa até chegou a ser cortejada pela Anywhere no início do ano, mas não houve acordo.

Em março, a Anywhere teve recusada uma oferta de US$ 5 por ação da Douglas Elliman, que hoje negocia a US$ 2,80.

Com a Anywhere fora da corrida, a revista afirma que nomes como a Berkshire Hathaway, através de sua corretora HomeServices, e a britânica Savills poderiam se interessar pelo negócio.

A Douglas Elliman possui um enterprise value de US$ 200 milhões. Sua ação recua 6% desde o anúncio da compra da Anywhere pela Compass, mas sobe 41% em 12 meses.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir