Banheiro com sauna e “impacto hormonal positivo.” O novo sarrafo do luxo em SP

Banheiro com sauna e “impacto hormonal positivo.” O novo sarrafo do luxo em SP
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No altíssimo padrão em São Paulo, as incorporadoras estão tendo que subir o sarrafo dos projetos para satisfazer um cliente cada vez mais exigente.

Um combo de amenities que antes era considerado apenas um mimo agora é uma necessidade.

Não apenas porque o pós-pandemia mudou a relação das pessoas com a casa, mas também porque a concorrência aumentou.

Com a Selic a 15%, incorporadoras historicamente focadas na classe média começaram a desenvolver mais projetos para o público que depende menos de financiamento bancário, aumentando a oferta.

E mesmo que sofra menos, o consumidor de alta renda pensa duas vezes antes de tirar o dinheiro do CDI, ou seja, é um cliente criterioso.

Para convencê-lo, as empresas não podem mais oferecer apenas um lugar espaçoso e bem localizado.  Estão tendo que dar mais atenção a duas heranças da pandemia: o bem-estar (ou wellness, no jargão do mercado) e a conveniência.

Nos empreendimentos verticais, o bem-estar tem se traduzido em piscinas de imersão, estúdios de pilates e áreas de spa que rivalizam com hotéis cinco estrelas. 

Dentro de casa, há uma demanda por viver cercado de verde, em que a luz natural, o ar puro e o silêncio atuam como aliados invisíveis do humor, da saúde mental e até dos hormônios.

“Hoje o luxo verdadeiro é o que provoca impacto hormonal positivo,” Daniel Ribeiro, o CEO da incorporadora G.D8, disse ao Metro Quadrado.

“Isso inclui o controle da luz natural, ventilação, presença de vegetação e materiais que estimulam os sentidos, reduzem o estresse e controlam a serotonina e o cortisol.”

Os banheiros passaram a ter uma atmosfera de spa, com direito a sauna e banheira de gelo, e também se tornou comum pedir salas voltadas especificamente para hobbies, criadas para funcionar como espaços íntimos de criação e escape.

07 14 Fernanda Marques ok“Essa ocupação com os hobbies foi o que salvou muita gente durante o período de reclusão,” disse a arquiteta Fernanda Marques, especializada em alto padrão.

“Tem cliente que quer um ateliê para pintar, outro quer um espaço para tocar piano. São ambientes íntimos, que refletem quem aquela pessoa é, e isso também é wellness.”

Na infraestrutura dos condomínios, as novas exigências já mudaram como os arquitetos começam a desenhar os projetos.

“A academia virou o coração do projeto,” disse Luciano Amaral, o CEO da Benx. “Não dá mais para projetá-la com o espaço que sobra. Começamos o prédio por ela.”

O Parque Global, um empreendimento da Benx com VGV de R$ 14 bilhões que está sendo construído na Marginal Pinheiros, foi projetado para ser um bairro privado e terá até um centro de oncologia e hematologia do Hospital Albert Einstein.

Iniciativas como essa estão incluindo também salões de beleza privativos e espaços para banho e tosa de pets.

“Esse é um cliente que quer resolver a vida no prédio. Quer fazer o cabelo, malhar e cuidar do cachorro sem sair do endereço,” disse Luciano. “É o wellness aplicado ao cotidiano.”

Marcello Romero okMarcello Romero, o CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, diz que há ainda uma nova preocupação que está se somando à localização e à infraestrutura: a assinatura do projeto de arquitetura.

Hoje, ele diz, muitos clientes já começam a conversa para a compra de um imóvel pela pergunta: quem é o arquiteto? Se não é alguém de renome, o interesse sai.

Segundo o corretor, um projeto passa a ser considerado “puro-sangue” quando consegue reunir terreno, bons amenities e uma arquitetura de autor.

“Quando um arquiteto consagrado assina a planta, o paisagismo e os interiores, o imóvel chega a valer 30% mais,” disse ele. 

“E são prédios que viram ícones: todo mundo sabe o nome.”

 

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