Brooklin vai além dos escritórios e vive boom de residenciais

Brooklin vai além dos escritórios e vive boom de residenciais
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O Brooklin foi por muito tempo visto apenas como um bairro de escritórios da capital paulista. Mas essa vocação vem mudando rapidamente.

Uma combinação de fatores urbanísticos, mobilidade, legislação e proximidade com bairros como Itaim Bibi, Moema e Vila Olímpia tem atraído incorporadores que buscam terrenos para empreendimentos de médio e alto padrão.

Só na Rua Michigan, em seus quase 2 km de extensão, são nove edifícios entre lançados e em construção – além de outros em diversas ruas do bairro.

Dados da Binswanger mostram que, entre 2017 e 2019, o Brooklin teve em média seis lançamentos por ano.

Desde 2020, a média quase dobrou, para 13 empreendimentos anuais. No período, o bairro recebeu 97 projetos, dos quais 54 de médio e alto padrão. O preço médio do metro quadrado varia entre R$ 17 mil e R$ 20 mil, diz a consultoria.

A chegada de novos empreendimentos também pressiona o mercado secundário. Dados do índice FipeZAP mostram alta de 3,2% nas vendas e de 4,4% nas locações em um período de 12 meses.

A valorização começou com mudanças no Plano Diretor, que permitiram verticalização e adensamento.

“O Brooklin se transformou em uma grande alternativa, com bom preço por metro quadrado, perto do Itaim ou de Moema, mas ainda com alto padrão,” disse Grazzieli Rocha, sócia-diretora do aflalo/gasperini arquitetos, que tem projetado vários dos empreendimentos do bairro.

Antes do Plano Diretor, a Operação Urbana Consorciada Água Espraiada, de 2001, abriu espaço para novos projetos por meio de avanços da mobilidade da região.

Em 2017, a chegada da Linha Lilás do metrô levou à reclassificação do bairro no Plano Diretor. A partir de 2024, o Brooklin passou a ser considerado eixo de transporte (ZEU), com potencial de construção até quatro vezes a área do terreno, mediante pagamento da outorga onerosa.

Nesse intervalo, a escassez de terrenos em Moema, Itaim e Campo Belo reforçou o apetite das incorporadoras pelo Brooklin.

Diferentemente do Brooklyn original – em Nova York –, criado para imigrantes holandeses, em São Paulo o “Brooklin Paulista”, como era chamado no passado, surgiu às margens dos trilhos da Companhia de Energia Light, no início do século XX. 

O loteamento veio com a aquisição da área pela Votorantim, em 1918, e o primeiro projeto residencial foi lançado em 1922.

O bairro se manteve residencial até os anos 1970, quando incorporadores começaram a erguer prédios na Av. Eng. Luís Carlos Berrini, consolidando sua vocação empresarial. 

A transformação se intensificou com a Operação Urbana Consorciada Faria Lima, de 2004, que deslocou parte do centro financeiro da Av. Paulista para a zona sul.

Desde então, a Berrini e a Chucri Zaidan viraram alternativas para empresas que precisam estar perto da Faria Lima, mas sem pagar os preços do eixo mais caro da cidade.

No bairro, o perfil dos imóveis é majoritariamente voltado para o médio e alto padrão. O que explica esse perfil – em parte – foi a mudança na Operação da Água Espraiada que permitiu o uso de CEPACs de outras bairros para ampliar o potencial de uso de solo no Brooklin. 

Assim, os últimos lançamentos puderam subir mais pavimentos, sem se preocupar com ferramentas como HIS ou fachadas ativas, dando tração aos residenciais do tipo “Puro Sangue”, o que ajuda a subir o preço do metro quadrado na região. 

Um dos players que aposta no bairro é a Eztec, que já lançou R$ 1,5 bilhão em VGV no Brooklin desde 2020. 

“Temos ali o público da Chucri Zaidan e Berrini, a proximidade de bons parques e shoppings para atender o público,” disse Tellio Totaro, superintendente de incorporação da companhia.

Já a Benx Incorporadora prega cautela com o aumento da oferta, que pode estar chegando a um nível de excesso.

“Hoje nós estamos estudando e negociando dois terrenos, mas que ainda não estão comprados, e não temos previsão de lançamentos,” o diretor de novos negócios Renato Bottoni disse ao Metro Quadrado.

Segundo Bottoni, o interesse das grandes incorporadoras está ligado à disponibilidade de terrenos maiores – quase inexistentes em Itaim ou Moema.

Projetos de alto padrão exigem, no mínimo, áreas entre 2 mil m² e 3 mil m². 

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