Califórnia quer prédios mais altos, mas Los Angeles resiste

O mercado imobiliário da Califórnia acaba de ganhar um empurrão — e uma nova polêmica.
Com a sanção da lei SB 79, o Governador Gavin Newsom autorizou prédios de até nove andares em áreas próximas ao transporte público, reduzindo — pela primeira vez em décadas — o poder das prefeituras sobre o zoneamento local, segundo o The Wall Street Journal.
A lei vale para os oito condados mais densos do estado, incluindo Los Angeles, San Diego, San Francisco Bay Area, Oakland, Sacramento, San Jose, Santa Clara e Fresno.
Barreiras locais e entraves burocráticos têm travado o aumento da oferta de moradia, que poderia tornar os preços mais acessíveis. A Califórnia tem os imóveis residenciais mais caros dos EUA, ao preço mediano de US$ 748 mil, acima dos US$ 508 mil de Nova York, segundo a Zillow.
Em Los Angeles, um dos epicentros da crise habitacional, a cidade tem 58% mais habitantes do que Dallas, mas deve aprovar 63% menos unidades multifamily neste ano.
Mas a medida do Governo do Estado enfrenta resistência de prefeituras, que acusam o estado de impor mudanças sem debate.
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, pediu que a lei fosse vetada, alegando que ela “enfraquece o controle local e reduz a voz das comunidades mais vulneráveis.”
Entre os críticos, também há quem diga que a legislação estimula a gentrificação sem endereçar problemas de trânsito, infraestrutura ou segurança pública.
Já os defensores dizem que a lei é crucial para destravar um mercado paralisado há décadas, já que o modelo atual não acompanha o crescimento populacional nem os preços.
A nova lei também se alinha à revisão das regras ambientais do estado, que tenta agilizar licenças e reduzir disputas judiciais.
Ainda assim, o sucesso da SB 79 vai depender menos da caneta do governador e mais da economia.
Os custos dos terrenos, mão de obra e financiamento continuam elevados e podem limitar o interesse de incorporadores em empreendimentos de médio padrão — exatamente o nicho que o governo quer incentivar.
O governo estima que serão necessárias 2,5 milhões de novas unidades habitacionais até 2030 para equilibrar oferta e demanda — uma meta considerada agressiva.
Hoje o déficit supera 1 milhão de unidades, e 30% das famílias gastam mais da metade da renda com moradia, segundo a California Housing Partnership.