Classe média começa a perder fôlego na compra de imóveis

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O mercado de imóveis para classe média parece estar dando os seus primeiros sinais de perda de fôlego depois do início do ciclo de alta da Selic.

Os números mais recentes do levantamento mensal que a Abrainc faz com a Fipe, enviados em primeira mão ao Metro Quadrado, mostram que o volume de unidades vendidas para a faixa que inclui média e alta renda ficou praticamente estagnado no intervalo entre setembro e novembro – período marcado pela retomada da alta da taxa básica de juros.

O avanço foi de apenas 0,2% ante igual período do ano anterior.

No recorte de valores vendidos, porém, o avanço continua expressivo, de 24,9%, devido ao fato de que o número inclui também as vendas para a alta renda, cuja demanda é mais resiliente e envolve imóveis de tíquetes mais altos.

Dinâmica similar já havia sido notada no levantamento anterior, do período de agosto a outubro, mas com um aumento ainda um pouco maior para as vendas de unidades, de 3,2%. No primeiro semestre, o volume de unidades vendidas havia subido 7,7%.

Parte do mercado já imaginava que a classe média em algum momento voltaria a sofrer depois que o cenário para juros se inverteu no Brasil.

Não significa, porém, que os lançamentos devem ser freados. No intervalo de setembro a novembro, o volume de lançamentos cresceu 23,8%, movimento que está relacionado ao nível de estoque reduzido.

Em novembro, o estoque disponível poderia ser vendido em 11 meses, levando em conta o ritmo de consumo dos três meses anteriores. Um ano antes, o ritmo era de quase 16 meses.

A redução sinaliza uma postura mais conservadora das incorporadoras, uma lição aprendida depois de terem sofrido com a crise dos distratos na era Dilma, e mostrando espaço para seguir com os lançamentos.

Para Luiz França, presidente da Abrainc, as empresas têm demonstrado equilíbrio financeiro e capacidade de investimento, com terrenos à disposição.

Luiz Franca ok

“A taxa de juros sozinha não trava o contrato todo. Nós já tivemos outros períodos no Brasil quando a taxa estava TR+11,5%, mas com volume de vendas bastante importante,” França ao Metro Quadrado. “Havendo aumento de demanda, teremos oferta para atender.”

Considerando todos os segmentos, as vendas de novos imóveis cresceram 18,5% no acumulado de janeiro a novembro de 2024, na comparação com o mesmo período no ano anterior. Foram 171.567 unidades comercializadas.

Já as vendas de unidades do Minha Casa Minha Vida avançaram 23%, acompanhadas de um aumento de 19,2% em valores. Os lançamentos aumentaram 36,4%.

O presidente da Abrainc continua otimista com o crescimento do setor no País, mas reconhece a importância do cenário de juros.

“Para que o mercado imobiliário continue com resultados positivos, é importante a redução da Selic e a ampliação das fontes de funding do setor,” disse.

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