Cyrela planeja R$ 2,5 bi em bônus de ações para evitar taxação

A Cyrela quer distribuir R$ 2,5 bilhões em bonificações de ações para evitar a tributação sobre proventos que será aplicada com a reforma do IR, que entra em vigor em 2026 e vai taxar em até 10% quem tem rendimentos de pelo menos R$ 600 mil por ano, incluindo dividendos.
Para isso, a incorporadora convocou uma assembleia geral extraordinária para votar a emissão de 72,8 milhões de ações preferenciais que serão dadas como bonificação gratuita para os atuais acionistas da companhia.
Cada ação ordinária dará direito a uma fração de 0,19 das ações PN.
Essas ações poderão ser convertidas em papéis ON ou resgatadas até 2028.
O aumento de capital necessário para a operação será viabilizado por meio da capitalização de saldos de reservas de lucro da empresa.
Segundo cálculos da XP, as novas ações implicam um dividend yield adicional de 19% para os investidores.
Somado ao R$ 1 bilhão em dividendos que serão pagos na próxima semana, a companhia totaliza R$ 3,5 bilhões em retorno de capital e um yield de 26% apenas com os anúncios de dezembro — e sem comprometer a alavancagem.
“Com a distribuição via bonificação, a companhia consegue fazer uma distribuição maior sem ter o impacto caixa de R$ 2,5 bilhões e aproveitar também a questão fiscal,” Ygor Altero, o vice-presidente de Equity Research na XP, disse ao Metro Quadrado.
A taxação de até 10% para quem tem rendimentos de pelo menos R$ 600 mil por ano foi aprovada para compensar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Com previsão para começar a valor em 2026, a medida tem levado empresas a anteciparem os proventos.
A Cury, por exemplo, fará um follow-on para levantar recursos para pagar dividendos ainda em 2025.
Outro exemplo é o da Trisul, que anunciou ontem que também fará um aumento de capital de R$ 476 milhões com bonificação aos acionistas, em uma operação com semelhanças à da Cyrela.
Mas no caso da Cyrela, para viabilizar a distribuição a incorporadora precisará de uma autorização especial da B3.
Como é listada no Novo Mercado, a companhia só pode emitir papéis do tipo ordinário e pediu à operadora da bolsa brasileira a dispensa da regra para emitir as ações PN temporariamente.
Além da análise da B3, a proposta ainda precisa ser aprovada pelos acionistas na AGE, que foi convocada para 31 de dezembro.







