Demanda surpreende e Direcional vende 10% da Riva – com ajuda do MCMV

A recém-criada Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida aumentou o apetite da Riza Asset por ações da Riva Incorporadora – a subsidiária da Direcional que atua com o público que será beneficiado pela ampliação do programa.
A oferta aberta pela gestora entre clientes para comprar uma fatia da empresa acabou tendo uma demanda 2,7x maior que o planejado, ao captar R$ 275,3 milhões, o suficiente para adquirir 9,98% da Riva.
A captação foi feita para a Riza cumprir a primeira parte do acordo assinado em dezembro com a Direcional.
Pelo acerto, a Riza se comprometia a comprar pelo menos 7,55% do negócio a um valuation de R$ 2,65 bilhões, com pagamento em duas parcelas, uma de R$ 100 milhões agora e outra no mesmo valor até outubro.
A oferta recém-encerrada se destinava apenas ao pagamento da primeira parcela, mas a demanda excedente atraiu mais do que o suficiente para inclusive antecipar a segunda parcela.
“A criação da Faixa 4 do MCMV teve um efeito muito importante porque abrange famílias que estavam se deparando com escassez de financiamento,” disse Giancarlo Denapoli, o sócio de real estate da Riza, uma casa com R$ 15 bilhões sob gestão e que atua em diferentes segmentos, como renda fixa, renda variável, agronegócio e infraestrutura, além do imobiliário.
O Conselho Curador do FGTS aprovou a criação da Faixa 4 em abril, já depois do acordo fechado em dezembro entre Riza e Riva, num esforço do governo para incluir no programa habitacional um segmento da população que tem sofrido com os juros altos no mercado convencional.
Antes, o MCMV tinha um teto de R$ 350 mil para os imóveis. Agora, com a Faixa 4, vai até R$ 500 mil, para famílias de renda mensal de até R$ 12 mil.
A Riva, por sua vez, trabalha com imóveis que vão de R$ 200 mil a R$ 500 mil.
Somando o estoque disponível ao banco de terrenos, a empresa estima que tinha 42% de unidades enquadradas nas regras antigas do MCMV. Agora, com a Faixa 4, a proporção sobe para 76%.
Fundada em 2019, a Riva atua nos estados de São Paulo e Minas Gerais e nas cidades de Manaus e Brasília.
Hoje, soma R$ 10,7 bilhões em landbank, o equivalente a quatro anos de lançamentos.
No ano passado, as vendas líquidas somaram R$ 2,3 bilhões, um aumento de 67% ante 2023, e com velocidade de vendas (VSO) de 58%, contra 41% no ano anterior.
Antes mesmo da entrada da Riza como acionista, a Riva já vinha se preparando para entrar também no mercado de Fortaleza, com a compra de terrenos.
“Com a chegada da Riza, vamos poder acelerar nossa entrada em Fortaleza,” Ricardo Gontijo, o CEO da Direcional, disse ao Metro Quadrado.
“E ter a Riza como sócia permite agregar estratégias complementares, deixando a Riva mais competitiva, com aquisição de terrenos e operações de antecipações de carteiras de recebíveis, que trazem muito valor à empresa.”
Antes do acordo com a Riza, a Direcional tinha 94,5% das ações da Riva, enquanto os outros 5,5% seguem nas mãos de executivos.
Pelo acerto, a Riza ainda tem o direito de preferência para ampliar sua participação para até 15% até outubro.
Mesmo que aumente a fatia mais uma vez no âmbito do acordo, o valuation estará travado em R$ 2,65 bilhões – o equivalente a 37% do market cap da Direcional, que fechou o último pregão valendo R$ 7 bilhões.
“Mas na nossa visão a Riva se valorizou bastante desde o acordo em dezembro, principalmente em razão da criação da Faixa 4,” disse Rafael Brito, gestor na Riza.