Em Salvador, a primeira rua do Brasil voltou a ser sexy

A primeira rua do Brasil está renascendo como um destino de projetos residenciais.
A Rua Chile – uma via do centro histórico de Salvador, perto do Pelourinho – foi oficialmente demarcada no século XVI pelos portugueses, quando a cidade ainda era a capital do País – e está desde 2023 sem receber lançamentos imobiliários, segundo a consultoria Brain.
Mas isso está perto de mudar: o Grupo Prima, dono do prédio do Fasano Salvador, na mesma rua, está finalizando a aprovação de um residencial de alto padrão com serviços de hotelaria em frente ao próprio hotel.
O empreendimento com vista para a Baía de Todos os Santos terá 39 apartamentos e será um retrofit do Palácio dos Esportes – um imóvel inaugurado em 1935 e que já abrigou federações de esportes do estado.
E a carioca Town Maker, que nunca havia desenvolvido em Salvador, irá fazer o retrofit da antiga Casa Sloper, uma das primeiras lojas de departamento do País.
Com previsão de entrega para o verão de 2028, o projeto da Town Maker terá 39 estúdios, com metragens entre 50 m² e 60 m², e um VGV estimado de R$ 45 milhões.
A aposta em novos empreendimentos acompanha uma valorização do metro quadrado da região: entre 2023 e 2025, o preço médio subiu de R$ 9,8 mil para R$ 11,4 mil.
A Rua Chile fica a poucos passos do Elevador Lacerda — que conecta a Cidade Alta à Cidade Baixa.
Historicamente, esse pedaço da cidade foi um eixo econômico do centro formal, concentrando comércio, serviços e turismo, mas perdeu protagonismo com a ascensão de outras regiões da cidade.
Nos últimos anos, porém, a via se tornou o point de produtos e serviços de grandes marcas.
Além do Fasano, a rua conta com outro hotel de luxo, o Fera Palace. E o Palácio Rio Branco está passando por um processo de concessão para ser transformado em hotel pelo grupo francês Allard, que opera o Rosewood em São Paulo.
O maior interesse dos investidores, no entanto, esbarra na falta de terrenos na Rua Chile. Tudo o que for construído na via, portanto, será necessariamente um retrofit de algum prédio tombado, com proteção do IPHAN – como é o caso do Fasano.
Para tentar destravar essa reativação urbana, a Prefeitura lançou em 2019 o Renova Centro, programa que concede isenção de ITBI e benefícios fiscais para os incorporadores.
“Em qualquer cidade do Brasil, nem sempre é viável fazer um retrofit numa revitalização de Centro, mas a vista da Baía de Todos os Santos e a localização criam uma oportunidade,” Bento Vivacqua, o CEO da Town Maker, disse ao Metro Quadrado. 
Esse movimento não se limita à Rua Chile. O efeito da reocupação já começa a chegar nas ruas laterais, principalmente os trechos de ligação para a Praça Castro Alves e para o Terreiro de Jesus.
“Já há pelo menos quatro outros grupos que estão analisando projetos na região. Sem dúvida, quem se posicionar primeiro vai terminar saindo na frente,” disse uma fonte do mercado que conhece o entorno.







