Faixa 4 do MCMV larga abaixo do esperado, mas setor prevê ramp up

Faixa 4 do MCMV larga abaixo do esperado, mas setor prevê ramp up
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A Faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida ainda não engrenou.

Foram vendidas pouco menos de 10 mil unidades nos primeiros dois meses desde a criação da faixa voltada à classe média, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O governo esperava a contratação de uma média de 10 mil unidades por mês para somar 120 mil vendas no primeiro ano da iniciativa, que permite o financiamento de imóveis que custem até R$ 500 mil para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil.

Para especialistas de mercado, o ritmo é inferior ao previsto porque a oferta de produtos ao segmento ainda é baixa, dado que os juros altos levaram as incorporadoras a pisar no freio em lançamentos para a classe média.

Além disso, o financiamento do faixa 4 não abrange a pessoa jurídica, restringindo mais a oferta, “e vale só para produtos muito específicos que já estavam na prateleira das incorporadoras,” disse Renato Correia, o presidente da CBIC.

“O tempo de maturação do nosso produto é longo e esse era um segmento que vinha sofrendo bastante antes, então os lançamentos estavam bem reduzidos,” disse Clausens Duarte, vice-presidente de Habitação de Interesse Social da CBIC.

Antes da criação da Faixa 4, em abril, as incorporadoras concentravam os projetos no público de baixa renda, já enquadrado no MCMV, e na alta renda, que depende menos de financiamento para comprar imóveis.

Para Duarte, o anúncio da nova faixa pegou o mercado de surpresa e em um momento no qual as incorporadoras não estavam preparadas para ofertar um volume maior de unidades de médio padrão.

“Entretanto, o segmento recebeu isso de forma muito positiva e trabalha no desenvolvimento desses produtos. Acreditamos que ao longo desses 12 meses o volume de lançamentos vai aumentar e, consequentemente, o número de vendas também.”

Dados sobre o apetite das incorporadoras sustentam essa tese. Das empresas do setor com faturamento acima de R$ 500 milhões, 59% pretendem lançar produtos para a faixa 4 nos próximos 12 meses, segundo uma pesquisa da consultoria Brain.

Além disso, 60% do mercado diz que a Faixa 4 deve aumentar o volume de lançamentos neste ano no geral.

Segundo o CEO da Brain, Fábio Tadeu Araújo, a Faixa 4 tem potencial para representar de 12% a 14% de toda a oferta de imóveis do País.

O setor discute também uma alternativa para fomentar ainda mais o segmento: um financiamento voltado às empresas que atuam na Faixa 4, já que por enquanto o subsídio só alcança as pessoas físicas.

“O financiamento mais caro ao PJ implica em lançamentos mais caros e, por conta desse volume de contratações um pouco abaixo do esperado, o governo já estuda a possibilidade de flexibilizar esse funding,” disse Clausens Duarte.

Não há expectativa de anúncios para este ano, mas o mercado espera que o governo comece a desenhar uma iniciativa para o funding do segmento em 2026.

Fora da Faixa 4, os especialistas esperam que o mercado se mantenha estável neste ano, com variações de baixa amplitude, a exemplo do que ocorreu no segundo trimestre — os lançamentos caíram 6,8% e as vendas cresceram 2,6% ante o mesmo período do ano passado.

Já a oferta de imóveis novos recuou 4,1% na mesma base de comparação, para 290 mil unidades.

“Teremos um pequeno crescimento no Minha Casa Minha Vida e uma pequena queda nos outros mercados. Mas, em termos de números de unidades, o mercado deve fechar estável,” disse Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

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