Galapagos entra no luxo dos EUA com condomínio em Miami

A Galapagos Capital fará sua primeira incursão no mercado de imóveis de alto padrão nos Estados Unidos ao investir em um condomínio de luxo em Miami.
A companhia de investimentos – que já atua em multifamily e healthcare nos EUA – vai tocar a nova empreitada por meio de uma uma joint venture com duas companhias americanas – a desenvolvedora Alchemy-ABR Investment Partners e a boutique de investimentos em real estate Breakers Capital.
O empreendimento exigirá um investimento total de US$ 136 milhões, entre equity e dívida.
A Galapagos fará um aporte de US$ 18 milhões no equity por meio de um club deal e entrará também na dívida, alcançando uma participação de 60% do negócio. A companhia estima que terá um retorno de 20% ao ano em dólar com o ativo.
Rodrigo Machado, diretor geral da Galapagos Capital Real Estate US, afirma que o cenário no Brasil e nos Estados Unidos justifica uma alocação na moeda norte-americana.
Nos EUA, boa parte do mercado aposta que o Federal Reserve começará a cortar os juros ainda neste mês. Por aqui, a expectativa é que o ciclo de queda se inicie apenas em 2026.
“O Brasil passa por um momento de instabilidade econômica e política muito grande. É uma oportunidade para o brasileiro médio olhar para investimentos em ativos reais fora do País,” disse Machado em entrevista ao Metro Quadrado.
O executivo, que tem experiência no setor de real estate dos EUA — incluindo uma passagem por outra companhia de origem brasileira que investe em Miami, o Grupo Leste — diz que a cidade tem um mercado sólido que atrai uma demanda global.
O bairro escolhido para receber o projeto, Wynwood, é mais conhecido pelos murais de grafite, galerias e cafés que atraem os amantes das artes, mas também está se tornando um destino quente para as empresas de tecnologia.
“A Amazon está construindo um escritório novo a duas quadras desse empreendimento, enquanto o Spotify já está lá a menos de uma quadra,” disse Machado.
A empresa mira em um público de jovens adultos, solteiros ou recém-casados para o projeto.
Outra aposta da companhia é capturar a demanda de migrantes internos vindos do Norte e Nordeste dos EUA para os estados do Sul e Sudeste, incluindo a Flórida.
O empreendimento terá um total 186 unidades residenciais com um tamanho médio de 80 metros quadrados e um ticket médio de US$ 1 milhão.
O projeto já foi aprovado e o lançamento comercial está previsto para o início de 2026. A companhia espera conseguir US$ 26 milhões em presales para iniciar as obras. A entrega deve ocorrer em meados de 2029.
O investimento pode abrir uma nova avenida para os investimentos da Galapagos nos EUA. “O foco está neste projeto, mas, se conseguirmos outros com essa característica, é a primeira coisa que vamos fazer,” disse o executivo.
Em healthcare e multifamily, a companhia já investiu cerca de US$ 50 milhões em imóveis nos EUA.
A perspectiva é alocar o dobro dessa cifra no ano que vem em um pipeline que inclui novos empreendimentos desses segmentos e também ativos no modelo triple net lease (NNN) — em que os custos de seguro, manutenção e impostos ficam a cargo do inquilino.