Graças ao agro, mercado imobiliário de Goiânia vira solo fértil

O mercado imobiliário de Goiânia nunca teve uma safra tão abundante.
Impulsionada pelo agronegócio, a segunda maior cidade do Centro-Oeste está sendo inundada por novos empreendimentos residenciais – para atender a turma do campo que quer ter uma casa na metrópole mais próxima e também para dar conta das pessoas que chegam atraídas por uma economia mais dinâmica.
É tanto que a cidade – apenas a décima capital mais populosa do Brasil – já é em 2025 a terceira em lançamentos residenciais, atrás apenas de São Paulo e Rio, sem considerar o Minha Casa Minha Vida.
Segundo dados da consultoria Brain, os prédios lançados em Goiânia no primeiro trimestre somam 1630 unidades, um crescimento de 81% em relação a igual período do ano passado, quando a capital ocupava no ranking de lançamentos uma posição alinhada ao seu tamanho: o 10º lugar.
É verdade que Goiânia ainda está distante da líder inconteste São Paulo, que passou de 13 mil unidades lançadas no primeiro trimestre, mas já se aproxima do Rio, que teve em torno de 2300.
“Nosso agro enriqueceu uma região e uma população que não estava acostumada a consumir tanto,” João Gabriel Tomé, cofundador da construtora City, disse ao Metro Quadrado.
Um imóvel em Goiânia pode servir tanto como segunda residência para as famílias do agro quanto para aqueles que investem em tecnologia para gerir suas fazendas à distância e preferem morar na capital, tendo mais acesso a produtos e serviços de alto padrão.
A expansão do agronegócio, além disso, acabou gerando uma reação em cadeia para outros mercados, tornando a cidade um solo fértil para empresas de serviços, como educação e saúde.
E como serviços precisam de pessoas, a capital teve um boom populacional entre 2010 e 2022, segundo o último Censo do IBGE.
A Grande Goiânia – composta também pelas cidades de Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Trindade – elevou sua população em mais de 390 mil pessoas, um salto de quase 19%, três vezes o ritmo de crescimento da população brasileira, de 6,5%.
“Goiânia representa para o Centro-Oeste e o Norte o que São Paulo representa para o Brasil,” disse Diego Siqueira, o CEO da desenvolvedora Trinus.
“Cada vez mais, as empresas que fornecem para o agro e querem evoluir acabam indo para Goiânia em vez de São Paulo.”
Goiânia, além disso, ainda é uma cidade jovem se comparada a outras grandes capitais. Fundada há 91 anos, a capital goiana é uma cidade planejada e isso ajuda na hora de receber novos projetos.
O metro quadrado da cidade, embora tenha se valorizado 21% no último ano, ainda é barato: os empreendimentos de alto padrão custam em média R$ 19 mil, menos da metade de São Paulo, de R$ 40 mil.
“São Paulo se valoriza muito porque é o Brasil inteiro comprando. Mas Goiânia movimentou quase R$ 8 bilhões em vendas no ano passado,” disse o CEO da imobiliária MyBroker, Ronaldo Dantas.
“Se tivesse que escolher entre investir em São Paulo ou Goiânia hoje, eu investiria em Goiânia.”