IPCA+ é a saída para o funding imobiliário, diz Abrainc

IPCA+ é a saída para o funding imobiliário, diz Abrainc
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A Abrainc, que tem conversado com o governo para pensar alternativas para o funding imobiliário depender menos da poupança, vê o crédito indexado à inflação como o único caminho possível.

“Discutimos muito a necessidade de um financiamento que simplifique os títulos e o que viabiliza isso é uma operação de IPCA mais taxa de juros,” o presidente da Abrainc, Luiz França, disse em um evento do Citi.

“Sempre falamos com o Galípolo e o Banco Central deve estar olhando isso de alguma maneira, porque a única saída é o IPCA+, não tem outra saída.”

Luiz Franca ok

França diz que os grandes bancos ainda têm dificuldades de operar títulos atrelados ao IPCA, mas afirma que as casas que oferecem essa alternativa registram níveis controlados de inadimplência.

Ele diz ainda que, como os salários das pessoas físicas que tomam os empréstimos são minimamente corrigidos pelo índice de inflação, o IPCA+ é a alternativa para que o comprador tenha uma taxa um pouco mais confortável.

As conversas sobre alternativas de captação de recursos para o setor, especialmente para as incorporadoras que atuam na média e alta renda, têm se intensificado nos últimos anos em meio à ao esvaziamento do saldo da poupança.

A caderneta, fonte mais tradicional para financiar esse mercado, registra quatro anos seguidos de captação negativa.

Mas, apesar da queda no saldo, o CFO da Cyrela Miguel Maia Mickelberg diz que a caderneta ainda é a melhor opção, pois tem um custo de crédito muito mais baixo.

“Se perguntar para dez incorporadoras, dez irão responder que é o melhor funding que existe porque é quase um cheque especial.”

Mickelberg destacou que mesmo com as retiradas ainda há R$ 750 bilhões disponíveis no saldo da poupança.

“Existe uma certa histeria. Parece que a poupança acabou e o setor está sem funding, o que não é verdade. Pode ser que ela acabe um dia, mas acho que não estarei aqui para ver isso.”

Para o CFO da Cyrela, essa fonte de funding deve voltar a fluir com mais consistência quando os juros recuarem e outros produtos tornarem-se menos atrativos na comparação com a remuneração da caderneta — que rende TR + 0,5% ao mês quando Selic está acima de 8,5% ao ano ou TR + 70% da taxa quando ela estiver abaixo desse patamar.

“Não imagino um país com 15% ou 16% de juros real sobreviver por muito tempo. Se tivermos, em algum momento, uma taxa minimamente civilizada, a poupança vai funcionar muito bem.”

Já na baixa renda, onde a maior parte dos recursos vem do FGTS, a preocupação é a dilapidação do saldo do fundo com as retiradas via saque-aniversário e Crédito do Trabalhador, programa que usa o fundo como garantia para empréstimos consignados.

Apesar do desafio imposto pela existência dessas modalidades, o CEO da Direcional, Ricardo Gontijo, está confiante que os recursos para a habitação popular estão garantidos graças ao baixo nível de desemprego no País.

“Dadas as variáveis atuais, temos um conforto muito grande na saúde e recorrência do orçamento que o FGTS destina ao setor habitacional.”

Gontijo relembra que os investimentos destinados pelo fundo à habitação popular dobraram nos últimos anos, passando do patamar dos R$ 60 bilhões em 2022 para quase R$ 130 bilhões neste ano.

“É claro que tem um limite, mas a demanda desse segmento é muito grande e o que define o tamanho do nosso mercado é a disponibilidade de funding”.

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