Já é hora de reajustar o MCMV, diz CEO da MRV

O governo já deveria voltar a mexer nas três primeiras faixas do programa Minha Casa Minha Vida, segundo o CEO da MRV&Co, Eduardo Fischer.
Para Fischer, os bons resultados que o segmento econômico registra hoje são fruto das mudanças implantadas no relançamento do programa, em 2023.
Mas com o cenário macroeconômico turbulento dos últimos anos, algumas delas já começam a ficar defasadas — especialmente em relação ao teto dos imóveis e à renda das famílias.
“O mercado está forte, mas temos a inflação rodando e essas coisas, com o tempo, precisam de algum ajuste. Já é a hora,” Fischer disse ao Metro Quadrado.
A última correção no teto para o valor dos imóveis enquadrados nas três primeiras faixas do programa foi há pouco mais de dois anos.
Na época, o governo estabeleceu um limite máximo de até R$ 264 mil para os empreendimentos financiados nas faixas 1 e 2 e de R$ 350 mil para a Faixa 3.
Já o teto de renda mensal das famílias foi reajustado no início deste ano com o lançamento da Faixa 4, que contempla compradores com renda de até R$ 12 mil mensais e imóveis de até R$ 500 mil.
Apesar da adesão mais lenta que a esperada pelo governo, Fischer afirma que a Faixa 4 está ganhando tração.
“Ela começou um pouco mais tímida porque ninguém sabia direito como operar. Mas vem crescendo e o mais importante é garantir que ela vá continuar,” disse o executivo.
Os recursos para o funding do MCMV vêm tradicionalmente do FGTS, mas a criação da Faixa 4 só foi possível graças à utilização de R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-sal.
Uma nova injeção de mesmo montante está prevista para 2026 e o governo estuda se continuará utilizando essa fonte de recursos nos próximos anos.
“Precisamos ter uma recorrência disso porque a nossa indústria é de longo prazo e os desenvolvimentos demoram,” disse Fischer, que participou ontem do lançamento da sexta smart city da MRV, um projeto com VGV de R$ 1,4 bilhão que deve ser concluído em 2034.
A área de 440 mil metros quadrados onde será erguido o empreendimento — que foi batizado de Cidade Sete Sóis Vista Vale e fica em São José dos Campos, no interior de São Paulo — foi comprada pela MRV em 2007.
“Esses terrenos são tradicionalmente mais lentos por todo o processo de legalização,” disse Fischer.
Agora, com um plano de enxugar o balanço e as operações e reduzir a alavancagem anunciado aos investidores em abril, a MRV deve evitar a compra de áreas tão extensas e deixar os megaprojetos para serem realizados via parcerias com terrenistas.
“Faremos nossas incorporações em terrenos menores e teremos algumas pitadas de Sete Sóis que aparecerem dentro de oportunidades interessantes e que não gerem aumento do nosso balanço.”
A companhia também está em processo de desalavancar a Resia, sua subsidiária para incorporação de ativos multifamily nos Estados Unidos.
Por lá, o objetivo é vender os ativos da safra antiga de projetos e adotar um modelo asset light daqui para frente, com pouca alocação de capital nos empreendimentos.
“Estamos com esse processo na praça fazendo vendas de terrenos e das próprias propriedades e on track com a meta de dar uma boa desalavancada até o final de 2026,” disse Fischer.