Lucro da Cyrela cai, mas MCMV avança no negócio

O lucro líquido da Cyrela no segundo tri não apenas caiu na comparação anual como ficou abaixo do consenso do mercado.
O resultado líquido de R$ 388 milhões representa queda de 6% em relação a igual tri do ano passado e ante o consenso de R$ 414 milhões.
O CFO Miguel Mickelberg disse que o recuo do lucro na comparação anual se deve a um fator não recorrente.
“No segundo tri do ano passado vendemos ações da Cury que geraram um lucro líquido de R$ 60 milhões de reais,” Mickelberg disse em call de resultados. Sem esse efeito, haveria um crescimento de 10%.
Já a diferença para o consenso foi impactada pela expectativa mais alta dos analistas para a receita.
A receita líquida da Cyrela foi de R$ 2,1 bilhões, uma alta de 13%, mas levemente abaixo do consenso, de R$ 2,2 bilhões.
“No nosso setor, a receita contábil não depende apenas da venda e sim da evolução de obras, então ela pode ser mais difícil modelar para quem está de fora. Mas, para nós, está dentro do esperado,” disse o CFO.
Apesar dos juros altos, Mickelberg diz que a operação conseguiu manter a velocidade de vendas (VSO) no patamar de 52,3%.
Boa parte da performance ainda se deve ao alto padrão, que responde por 42% das vendas da incorporadora em 2025 até agora.
Mas o segmento econômico tem ganhado destaque dentro da companhia recentemente, e o Minha Casa Minha Vida representou 34% das vendas no primeiro semestre, ante 19% no mesmo intervalo de 2024.
“Os lançamentos ainda levam um tempo até se materializar, mas temos tido uma ótima performance nesse segmento, que, com o tempo, vai crescer bastante no resultado também,” disse Mickelberg.
O CFO elogiou a criação da Faixa 4 do MCMV pelo governo federal para incluir imóveis de até R$ 500 mil e compradores com renda mensal de até R$ 12 mil no programa.
Ele diz, contudo, que as regras para habitações de interesse social em São Paulo, as chamadas de HIS, que não batem exatamente com as do MCMV, podem diminuir o número de unidades e famílias enquadradas no programa.
A Cyrela lançou R$ 4,1 bilhões em VGV no segundo tri, um salto anual de 182%.
Nos próximos trimestres, o CFO afirma que a companhia deve diminuir o ritmo e lançar menos, estratégia em linha com os planos da incorporadora de distribuir melhor os produtos ao longo do ano ao invés de concentrá-los nos últimos meses.
O landbank encerrou o trimestre com um potencial de vendas total de R$ R$ 20,2 bilhões. Segundo Mickelberg, um desembolso de R$ 480 milhões com terrenos afetou a geração de caixa da incorporadora no trimestre, que ficou negativa em R$ 392 milhões.
“Outro fator que tem impactado um pouco nossa caixa é a boa performance de venda de estoque dos projetos mais recentes, que gera um pouco menos de caixa do que o estoque pronto.”