Madri: escritórios passam por ‘glow up’ e são convertidos em residenciais de luxo

Madri: escritórios passam por ‘glow up’ e são convertidos em residenciais de luxo
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MADRI — Está aberta a temporada de caça por prédios comerciais e públicos em desuso nas áreas mais nobres do centro da capital espanhola.

O crescimento da demanda estrangeira por habitação em bairros como Salamanca, Chamberí e Justicia impôs um desafio às incorporadoras madrilenhas nos últimos anos, já que existe uma notória escassez de espaços disponíveis para a construção nessas regiões.

A solução que ganhou força nos últimos meses foi a de conversão do crescente estoque de edifícios de escritórios bem localizados e obsoletos — que não atendem mais aos requisitos técnicos e de localização exigidos pelo mercado — em residenciais prime.

Investidores se moveram rapidamente e hoje há pelo menos uma dezena de projetos desse tipo em desenvolvimento apenas nas zonas citadas, disse a consultoria Colliers ao Metro Quadrado.

Um prédio (rua Maria de Molina, 50) que abrigava o Ministério da Fazenda espanhol em Salamanca foi comprado em um leilão pelo Grupo Lar — uma gestora especializada em real estate — e pela BlackRock por € 204,7 milhões. No espaço, serão construídos 158 apartamentos de luxo e uma residência estudantil para 400 pessoas.

Enquanto isso, em Chamberí, a Impar Capital — outra gestora focada em deals imobiliários — comprou a antiga sede da McKinsey (rua Sagasta, 31-33) para transformá-la em um residencial de luxo. Pelo menos € 100 milhões serão investidos.

Para quem busca uma oportunidade, um prédio (rua Génova, 26) no bairro Justicia que era o headquarters da seguradora PSN está à venda — € 70 milhões por 5.500 metros quadrados, ou € 13.000 euros/m².

“Vemos um novo equilíbrio urbano, com bairros centrais que tinham forte presença de escritórios se tornando  cada vez mais residenciais,” disse um analista do setor.

“Isso se deve tanto à forte demanda por moradias de luxo no centro, quanto ao desejo de muitos proprietários institucionais de reposicionar ativos subutilizados.”

Modernizar os escritórios existentes nem tem passado pela cabeça dos envolvidos.

Profissionais do mercado local citam os elevados custos de adaptação e uma possível falta de demanda corporativa no momento, já que muitas companhias estão se mudando para regiões mais modernas como o Campo de las Naciones e Méndez Álvaro.

Mas o principal motivo é a resiliência da demanda por moradias prime na cidade, que tem garantido margens maiores às construtoras e dado algum poder de barganha para os que têm imóveis à venda.

Há registro de um edifício comprado por uma incorporadora a € 12.000/m² que, depois da conversão, foi negociado a € 20.000/m².

A oferta de edifícios do tipo é limitada, diz a Colliers, mas ainda há oportunidades. As próximas regiões a serem exploradas pelo mercado devem ser o bairro do Retiro e o Centro Histórico de Madri.

 

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