Mais verba para o MCMV? Cury e Direcional agradecem

A indicação de que o Governo pretende destinar mais R$ 15 bilhões para o orçamento do Minha Casa Minha Vida impulsionou as ações de duas incorporadoras que atuam no programa: a Cury e a Direcional.
Com a verba adicional, o Governo quer finalmente tirar do papel uma antiga promessa do presidente Lula: criar a faixa 4, de renda mais elevada, para famílias que ganham até R$ 12 mil por mês, com juros de 8% ao ano+TR.
O valor máximo de um imóvel do MCMV saltaria de R$ 350 mil para algo entre R$ 400 mil e R$ 450 mil.
Relatórios de casas como BTG e XP apontam que Cury e Direcional seriam as principais beneficiadas.
“As duas companhias já têm pedaços relevantes de suas operações no que seria a nova Faixa 4 do MCMV,” escrevem os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, do BTG Pactual.
Por volta das 13h, as ações da Cury subiam 3,4%, enquanto as da Direcional avançavam 4,5%.
Para executar o plano, o Governo enviou na sexta-feira um pedido ao Congresso Nacional para alterar a proposta orçamentária do programa para 2025, ainda não votada.
A intenção é realocar R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal (que tem R$ 20 bilhões disponíveis) para a Faixa 3 do Minha Casa Minha Vida, de renda familiar até R$ 8 mil. Com isso, abriria espaço no orçamento do FGTS para criar a Faixa 4. Seria um jeito de estimular a demanda da classe média, que anda estagnada em um cenário de Selic elevada.
Cury e Direcional também estão entre as que têm presença mais relevante na Faixa 3 do programa.
A XP lembra que as restrições ao financiamento de unidades usadas, aprovadas em agosto, afetaram principalmente a Faixa 3.
“A queda nos contratos de imóveis usados não foi totalmente compensada por contratos de novas unidades, resultando em uma perda de participação do Grupo 3 no programa desde setembro,” escrevem os analistas Ygor Altero e Ruan Argeton, da XP.
A XP, no entanto, diz que ainda não está claro como seria a operacionalização dos novos recursos.
“Por isso ainda achamos desafiador considerar esse cenário como um cenário-base para ambas as empresas,” dizem os analistas.
No mercado, uma das incertezas é se o montante adicional de R$ 15 bilhões será algo recorrente para os próximos anos, ou se será pontual, o que influenciaria a estratégia de compra de terrenos.
Se valer apenas para o orçamento de 2025, as incorporadoras teriam menos incentivos para iniciar novos projetos, que levam tempo e poderiam não se aproveitar da injeção de recursos.
“Isso vai ser bom para quem já tem estoque ou tem empreendimentos já em fase de aprovação e pode dar prioridade para a Faixa 4,” disse o executivo de uma incorporadora.
Para ele, há também dúvidas se o Governo vai conseguir emplacar uma taxa de 8% ao ano para a Faixa 4, praticamente a mesma taxa da Faixa 3. “O mais provável é que fique entre 9% e 10%.”