Moura Dubeux avança em projeto que revitaliza o centro antigo do Recife

Moura Dubeux avança em projeto que revitaliza o centro antigo do Recife
|

RECIFE — A Moura Dubeux está entrando em uma nova fase do maior projeto de sua história.

O Novo Cais, que engloba a construção de residenciais e a restauração de prédios históricos em um terreno de mais de 150 mil metros quadrados no centro antigo do Recife, está pondo um novo empreendimento na rua.

A incorporadora acabou de lançar o Lucena Plaza, um projeto com VGV líquido de R$ 480 milhões que fará parte do conjunto em desenvolvimento na região do Cais José Estelita — às margens da Bacia do Pina em uma via que liga o centro antigo à Boa Viagem.

No Novo Cais, dois empreendimentos já foram entregues e um quarto projeto ainda será lançado este ano. O projeto como um todo tem um VGV potencial de R$ 3 bilhões.

Mesmo com os residenciais da Moura Dubeux, a maior parte do terreno do Novo Cais – cerca de dois terços da área total – será transformada em área pública como fruto de um acordo entre a Prefeitura do Recife, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

Trata-se de um esforço da empresa e do setor público para a recuperação de áreas públicas degradadas em uma região histórica, uma tendência nas principais cidades do País e do mundo.

“Além de ser um projeto rentável, isso muda a cara do Recife e melhora o entorno onde nos inserimos,” o CEO Diego Villar disse ao Metro Quadrado.

Diego Villar Moura Dubeux

No Rio de Janeiro, por exemplo, a Prefeitura lançou um programa que incentiva a iniciativa privada a transformar prédios comerciais antigos em residenciais no centro. Em São Paulo, o Governo do Estado estuda mudar sua sede para o bairro Campos Elíseos, também em uma tentativa de reviver o centro da capital.

No caso da Moura Dubeux, a companhia comprometeu-se a investir cerca de R$ 150 milhões na revitalização do Cais Estelita.

O objetivo final da parceria é entregar até 2030 um bairro novo na região do Cais, onde antigamente funcionava uma linha férrea para o transporte de açúcar para o Porto de Recife, mas que ficou abandonada e degradou-se nas últimas décadas.

O terreno onde estão sendo erguidos os empreendimentos pertencia à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e foi comprado por um consórcio formado pela própria Moura Dubeux e outras duas empresas – Queiroz Galvão e GL Empreendimentos – em 2008.

“Entramos em conversas com a Prefeitura sobre o que seria o projeto, o que seria o melhor para a cidade. Foi feito um debate longo e demorado, como muitas vezes acontece quando envolve agentes públicos,” disse Villar.

Entraves com outros órgãos atrasaram a liberação do projeto, que também foi alvo de intensos protestos por ativistas, que ocuparam o terreno durante quase um mês.

No final de 2024 a Moura Dubeux decidiu comprar todas as cotas do consórcio e passou a ser a responsável por toda a incorporação do empreendimento e as contrapartidas — incluindo a construção de um parque na orla, um parque da memória ferroviária, um novo sistema viário e a restauração de galpões e casarios históricos.

A etapa viária das obras deve ser finalizada em junho, e a Moura planeja entregar o Parque da Memória Ferroviária no próximo ano.

“Esse projeto ajuda a transformar uma área cuja malha do tecido urbano estava necrosando e que agora passa a ser uma área de desejo,” disse Villar.

Dos R$ 150 milhões previstos para a revitalização, R$ 110 milhões ainda devem sair do caixa nas próximas etapas do projeto, mas Villar afirma que o desembolso não deve impactar a alavancagem da companhia.

“Além de termos um caixa que comporta esse tipo de investimento, o projeto, pelo modelo de negócio de condomínio fechado, é gerador de caixa.”

No regime, a Moura Dubeux encontra o terreno, formata um produto e aprova um projeto que será executado por um condomínio de construção civil formado pelos compradores.

A companhia é remunerada pela consultoria imobiliária aos condôminos e também faz a administração das obras. Além disso, o custeio e financiamento da construção é realizado pelo condomínio, aliviando o caixa da empresa durante as obras.

O empreendimento que está sendo lançado agora, o Lucena Plaza, terá duas torres de apartamentos de 300 m² a 900 m². O ticket das unidades do projeto de alto padrão varia entre R$ 6 milhões a R$ 19 milhões.

A Moura deve lançar também ainda neste ano o Cais Avenida, outro conjunto a ser erguido no mesmo local e com apartamentos menores, de 100 m² a 200 m², mas de um VGV maior, de R$ 650 milhões.

Os dois empreendimentos que já estão prontos foram entregues no início do ano passado. Com R$ 627 milhões de VGV, estão completamente vendidos.

Outras novidades ainda devem vir ao longo dos próximos anos no terreno: a Moura planeja construir um beach class – sua bandeira para segunda residência –, e um edifício corporativo, além de desenvolver outros dois lotes residenciais.

Siga o Metro Quadrado no Instagram

Seguir