Moura Dubeux tem lucro recorde; CEO diz que ação ‘está de graça’

As ações da Moura Dubeux saltam 119% neste ano. Mas para o CEO Diego Villar, o papel continua “de graça”, considerando os resultados entregues pela incorporadora nos últimos meses.
O lucro líquido foi de R$ 120 milhões no segundo tri reportado agora há pouco, um recorde histórico para a companhia. O resultado supera o mesmo período do ano passado em 60,6% e bate também a expectativa do mercado, que era de R$ 106 milhões.
“Na época do nosso IPO, o múltiplo de lucro de consenso no mercado girava em torno de 15x. A Moura Dubeux hoje faz um múltiplo de 7x, então não faz sentido essa ação não valer ao menos 40% ou 60% a mais no curto ou médio prazo,” Villar disse ao Metro Quadrado.
Os lançamentos quase triplicaram na base anual e somaram R$ 1,8 bilhão de VGV no segundo tri, enquanto as vendas saltaram 142,5% e ultrapassaram a marca do R$ 1 bilhão.
“Demanda não tem sido problema. Quanto mais nos sentirmos confortáveis com a capacidade de execução dos projetos e estrutura de capital saudável, mais vamos ocupar espaço,” o CEO disse.
A companhia espera lançar R$ 4 bilhões por ano. Metade disso deve vir da operação core, voltada ao alto e altíssimo padrão, enquanto os outros 50% virão dos produtos para a classe média e o segmento econômico.
A Única, marca criada pela Moura Dubeux no ano passado para a Faixa 3 do programa Minha Casa Minha Vida — que engloba famílias com renda mensal de R$ 4,7 mil a R$ 8,6 mil — se prepara para lançar seus primeiros empreendimentos e deve somar R$ 200 milhões em VGV ainda este ano.
“Ano que vem pretendemos dar um salto para próximo dos R$ 600 milhões e estabilizar no nível de R$ 1 bilhão em 2027,” disse Villar, adicionando que a incorporadora estuda fazer parcerias pontuais com outros players de MCMV para alcançar esse patamar.
Já a Mood, marca da companhia para a classe média, foi criada antes do governo lançar a chamada Faixa 4 e incluir parte desse público no programa habitacional.
A Moura Dubeux apostou na classe média apesar de este ser o segmento mais afetado pelo cenário de juros altos. Agora, a marca deve se beneficiar das novas condições de mercado proporcionadas pelo MCMV.
O CEO afirma que cerca de 50% das unidades da Mood se enquadram no programa, portanto cerca de R$ 500 milhões de VGV devem estar ligados à Faixa 4. A companhia também espera lançar R$ 1 bilhão ao ano com a marca.
Para suportar o novo nível de lançamentos, a empresa encerrou o segundo tri com 53 terrenos que somam R$ 9,5 bilhões em VGV bruto potencial.
A aquisição de um desses terrenos, porém, afetou a margem bruta da companhia. O indicador caiu 3,4 pontos percentuais, para 33,3%, e ficou abaixo do consenso de mercado, que previa 35,3% no trimestre.
O impacto se deve ao fato de o terreno ser destinado ao modelo de condomínio fechado, em que a margem é alta quando o terreno é permutado, mas diminui quando o pagamento é em dinheiro, por causa dos fees incluídos no negócio, como taxa de administração.
“Houve um valor significativo de um terreno que nós compramos em dinheiro e que trouxe esse efeito sobre a margem, mas o volume de capital foi mantido e se refletiu positivamente no lucro líquido.”