MRV eleva prejuízo, mas reduz alavancagem

MRV eleva prejuízo, mas reduz alavancagem
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A MRV & Co terminou mais um trimestre no vermelho.

A holding que reúne os negócios de incorporação, loteamentos e locações no Brasil e nos Estados registrou um prejuízo consolidado de R$ 358,8 milhões no primeiro trimestre, superior à perda de R$ 249,8 milhões no trimestre anterior.

A piora é fruto da taxa de juros mais elevada e efeitos extraordinários como um equity swap, marcação a mercado das dívidas e swap de fluxo de caixa, disse o CFO Ricardo Paixão ao Metro Quadrado.

No critério ajustado, que desconsidera os efeitos desses fatores, o resultado foi positivo em R$ 25,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 153,7 milhões do quarto tri do ano passado.

Ricardo Paixao ok

Outro elemento que atrapalhou os números foi uma interrupção temporária no repasse de cheques de programas habitacionais regionais em três estados.

O gargalo gerou um descasamento entre as unidades vendidas e as efetivamente repassadas, que são as consideradas pela MRV no resultado.

“O impacto foi de 1.400 unidades e cerca de R$ 320 milhões de VGV que não reconhecemos como venda,” disse Paixão.

A interrupção teve um efeito negativo de R$ 110 milhões na geração de caixa e de R$ 150 milhões de receita.

A expectativa é que esse gargalo seja regularizado ao longo do segundo trimestre, com MRV reconhecendo as vendas que ficaram represadas.

Já nos Estados Unidos, a Resia voltou a piorar o resultado reportando um prejuízo líquido de R$ 279,7 milhões.

Por lá, a MRV tem executado um plano anunciado em dezembro para desalavancar a subsidiária por meio da venda de US$ 800 milhões em ativos.

Desse total, US$ 117 milhões já foram levantados ao longo dos últimos meses, mas a negociação mais recente – a venda do empreendimento Dallas West no início de maio – foi realizada com um resultado bruto negativo de US$ 22 milhões.

“Como estamos com uma urgência de venda de ativos, estamos priorizando muito mais o caixa do que a DRE,” disse o CFO.

Segundo ele, as condições da transação seriam melhores em um ano e meio, com os juros mais baixos e o cap rate de saída dos ativos melhorando nos EUA.

Apesar disso, a MRV está otimista com as perspectivas para a locação dos outros quatro empreendimentos da carteira, que também devem ser vendidos quando alcançarem o estágio de estabilização (95% das unidades alugadas).

Um destaque positivo para a companhia foi a queda da alavancagem na operação nacional, que passou de 1,84x para 1,70x Ebitda no final do primeiro trimestre.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o recuo do endividamento foi de 55,7%

De acordo com Paixão, a melhora é fruto do avanço do Ebitda – que subiu 21,5% na comparação trimestral, para R$ 344 milhões – e da geração de caixa da companhia nos últimos 12 meses.

No trimestre passado os quatro negócios geraram caixa pela primeira vez na história da MRV.

Já no 1T24 apenas Luggo e Urba ficaram no azul, enquanto Resia e a MRV Incorporação queimaram US$ 63,9 milhões e R$ 50,8 milhões, respectivamente.

Uma queda na cessão de recebíveis foi uma das vilãs do indicador, mas aqui novamente a interrupção no repasse dos cheques regionais também atrapalhou o resultado do caixa.

“Foi um resultado ok que, se não fosse por esse motivo, teria sido um resultado bom. Mas ainda não é o resultado ótimo que vamos mostrar até o final do ano,” disse o CFO.

A meta da holding é gerar R$ 2,1 bilhões em caixa em 2025, com US$ 370 milhões vindos da Resia e outros R$ 500 a R$ 700 milhões da MRV Incorporação.

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