No Cerrado, chegou a vez do second home de luxo

O mercado de second home de luxo está ganhando força no Centro-Oeste entre empresários do agronegócio que não querem mais viver apenas nas fazendas.
Os consumidores estão buscando moradias fora dos grandes centros urbanos, mas com acesso rápido a capitais como Brasília e Goiânia.
Para atrair esse público vale tudo: helipontos, marinas, haras e vinícolas privativas, assinatura de arquitetos renomados.
A Fazenda Canoa, em Silvânia, a 100 km de Goiânia, nasceu nesse contexto. Desenvolvida pela FRSC Participações, o projeto quase foi suspenso no início da pandemia, mas a demanda crescente por uma segunda residência durante o período de isolamento levou a incorporadora a ampliar o lançamento.
“Hoje muitos clientes já adotaram a segunda moradia como primeira, pela tranquilidade em viajar e trabalhar,” Fernando Costa, o CEO da empresa, disse ao Metro Quadrado.
A Fazenda Canoa ampliou de um para três pontos de pouso de helicópteros e duas garagens para aeronaves. A tese é que o mercado deve se manter em alta, e a operação em Silvânia possa crescer até cinco vezes. “Nosso propósito é ser a JHSF do Cerrado,” diz.
A Fazenda Boa Vista, da JHSF, em Porto Feliz (SP), tem sido a referência para muitos desses projetos.
“Ainda não temos um condomínio comparável em preço e serviços, mas é o caminho,” diz André Tomé, CEO da OM Incorporadora e diretor da Ornare em Goiás.
A corrida por terrenos para projetos de second home valorizou o metro quadrado na região e atraiu players de outros estados.
O projeto Fazenda da Matta, desenvolvido pela Omnium Incorporadora em Pirenópolis, tem VGV de R$ 350 milhões e vendeu 35% da área na primeira fase.
“Goiás e Brasília nunca tiveram esse tipo de produto; essa cultura do altíssimo padrão começa a se consolidar agora por ali,” diz Felipe Maldonado, CEO e sócio da Omnium.
A incorporadora já prepara uma segunda fase. “Quando não existe oferta, você consegue vender a um preço melhor. Isso é uma oportunidade,” diz Maldonado.
Também ajuda o fato de Goiânia ter se consolidado como endereço dos empresários do agro em busca de serviços como marcas de luxo, hospitais renomados e restaurantes premiados – sem precisar se deslocar até São Paulo ou Rio, por exemplo.
Além disso, o avanço da tecnologia no agro tem facilitado aos produtores gerenciar suas fazendas à distância.
A My Broker lançou em 2023 o Encontro das Águas, em Abadiânia, a 90 km de Goiânia, com VGV de R$ 150 milhões e 380 lotes em 19 alqueires.
Na avaliação do sócio da incorporadora, Victor Albuquerque, o empresário do agronegócio já está acostumado aos grandes imóveis, mas o crescimento do mercado de second home trouxe a oportunidade de separar o trabalho do lazer, sem sair da região.
“A fazenda é o business, não o descanso. O empresário do agro quer separar trabalho e lazer,” diz Victor. A empresa já comprou mais dois terrenos, com mais de 30 alqueires, para expandir o projeto do condomínio a partir de 2026.